Publicado em 27/04/2014 às 10:31, Atualizado em 27/07/2016 às 11:23
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O endividamento do setor sucroalcooleiro atingiu R$ 42,42 bilhões na safra de 2013/2014, encerrada em março, alta de 8% sobre a dívida de R$ 39,26 bilhões da safra anterior, de acordo com avaliação preliminar do diretor comercial para açúcar e etanol do Itaú BBA, Alexandre Enrico Figliolino.
No entanto, com o aumento da produção, a dívida por tonelada de cana processada recuou de R$ 104 para R$ 99, informou o executivo, com base numa avaliação preliminar no setor feita com dados de 65 grupos, capazes de processar 429 milhões de toneladas por safra, ou 72% da moagem do Centro-Sul do País.
De acordo com o diretor do Itaú BBA, o crescimento muito superior do endividamento ante o aumento da produção preocupa. "Desde 2003 o endividamento cresceu 19 vezes e a produção pouco mais que dobrou."
Na avaliação de Figliolino, entre os grupos avaliados, apenas 12 possuem situação considerada boa, com operação ajustada a baixa alavancagem. Outros 35 estão em situação mediana e 18 têm "operação muito ruim e alavancagem alta".
Para a safra 2014/2015, o cenário é desanimador para o setor, na avaliação de Figliolino. Os custos devem crescer 13%, com salários mais altos, quebra na safra, sem perspectivas de mudança na política de preços dos combustíveis antes das eleições.
"Um terço do setor está indo pro brejo em dois ou três anos, ou seja, são 200 milhões de toneladas de cana, ou duas Tailândias", afirmou. "Além da dívida desse terço só crescer, as usinas têm canaviais deteriorados e problemas de pagamento dos fornecedores."
Curiosamente, segundo o executivo, o cenário de crise pode incentivar uma retomada nas fusões e aquisições de usinas, após apenas quatro operações nos últimos dois anos. "Acho que estamos em um ponto de inflexão da curva, e talvez este ano possamos ter anúncios de algumas transações do setor."
Riscos. A agência de classificação de riscos Fitch divulgou na sexta-feira comunicado alertando para o risco de default das empresas sucroalcooleiras brasileiras. Segundo a Fitch, estrutura de capital fraca e fluxo de caixa apertado combinados com previsões pouco promissoras para o setor elevam o risco de inadimplência em 2014.
Quatro das seis companhias no portfólio da Fitch mostram alto ou moderado risco de refinanciamento e fontes alternativas limitadas de liquidez. Essas empresas devem continuar dependentes de crédito dos bancos locais, já que os mercados internacionais de dívida devem se tornar mais duros com companhias que pagam altos retornos em 2014. A Fitch espera recuperação modesta para os preços do açúcar na safra 2014/15.