Publicado em 30/04/2019 às 12:30, Atualizado em 30/04/2019 às 15:05
Preço teve desvalorização alta, mas cotações podem melhorar.
Com média de R$ 142 pagos ao produtor pela arroba do boi gordo, Campo Grande tornou-se na semana passada a praça mais baixa do País nesse indicador, de acordo com informações do Sindicato Rural da Capital. Em relação a praças vizinhas, como São Paulo, a desvalorização chega a 10%.
“Estamos tendo baixa e o [valor] de Mato Grosso do Sul é o mais expressivo. Isso traz oscilações de custo e fica difícil para o pecuarista tradicional, porém, fica ainda mais para quem faz confinamento. Agora é uma época em que o produtor precisa investir [em insumos, em estrutura] para o inverno, mas é um período difícil, com preços baixos e oscilação do dólar. Neste mês, o dólar passou da cotação de
R$ 3,65 para R$ 3,94. Isso afeta todos os componentes [da produção]”, alertou André Morais, vice-presidente do Sindicato Rural de Campo Grande. Conforme o representante da instituição de produtores, pelos dados divulgados durante o Simpósio de Pecuária de Corte Confinar 2019, realizado na semana passada na Capital, o valor chegou a R$ 142 na praça de Campo Grande, preço 9,8% inferior à cotação praticada na praça de São Paulo, de R$ 157,50 – ambos os dados são da Scot Consultoria. Quando comparado com o indicador da Esalq, de R$ 158,35 em SP, a diferença é ainda maior (-10,3%).
Para agravar esse quadro, conforme Morais, há as dificuldades conjunturais do próprio país. “O Brasil, nos últimos cinco anos, foi chegando a um ponto em que não há reformas; o produtor brasileiro produz um alimento mais barato, mas não consegue escoar”, afirma. E ele destaca o crédito rural como o principal problema para quem produz atualmente. “Acabou o dinheiro, os financiamentos, que antes eram feitos com juros entre 7,5% e 10%, hoje estão em 11%. Em um cenário desses, o controle de custos por parte do produtor é fundamental, principalmente para quem faz confinamento, em que o ciclo todo é de 90 dias”, pontuou.
Cenários
Mas o produtor tem de olhar os próximos meses com atenção, segundo o analista. Uma concentração na comercialização desse gado mantido no pasto no final da safra, em maio e junho, traz risco de queda de preço.
O cenário pode ser positivo também no segundo semestre. Há um aumento limitado de animais para o abate, em decorrência da retenção de fêmeas em 2017 e em 2018. Pode ser a virada de ciclo.
Analistas destacam, ainda, a perspectiva de uma melhora, mesmo que lenta, da renda da população. Além disso, o cenário das exportações deverá continuar favorável no segundo semestre.