Publicado em 20/12/2015 às 19:00, Atualizado em 27/07/2016 às 11:23
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A Cepal (Comissão Econômica para América Latina e Caribe) divulgou nesta quinta (17) um balanço que estima queda de 3,5% no PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro neste ano e de 2% em 2016. PIB é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país.
O Balanço Preliminar das Economias da América Latina e do Caribe foi anunciado em Santiago do Chile, pela secretária executiva da Cepal, Alicia Bárcena. As informações são da Agência Brasil.
As projeções demonstram que a economia dos países da América Latina e do Caribe terão recuo de cerca de 0,4% em 2015, puxado pelas retrações do Brasil e da Venezuela.De acordo com a Cepal, a Venezuela terá queda de 7,1% do PIB este ano e a de 7% em 2016. A região, como um todo, deverá crescer somente 0,2% no próximo ano.
Segundo o estudo, a América Latina e o Caribe deverão enfrentar desafios em função do lento crescimento da economia mundial, que deve chegar a 2,9% no ano que vem. Em 2015, a taxa foi de 2,4%, levemente inferior à de 2014, que foi de 2,6%.
"É necessário retomar o crescimento e reverter o ciclo contracionista do investimento em um contexto de lenta recuperação mundial e queda no comércio", afirmou Alicia Bárcena.
Além disso, as incertezas sobre o crescimento da China devem influenciar a região também. O país asiático, um dos principais sócios comerciais da América Latina, tem apresentado uma significativa desaceleração estima-se que chegue a uma taxa próxima de 6,4%.
"A desaceleração da China atua nos preços dos nossos produtos exportados, e o grande exemplo é o ferro. Mas temos que ver o que é positivo e o que é negativo. Podem sobrar recursos para eles investirem em lugares com maior propensão a crescimento, dado que eles estão diminuindo o ritmo de crescimento. Isso pode estimular um fluxo de investimentos estrangeiros chinês um pouco mais interessante para a região", afirmou Carlos Mussi, diretor do Escritório da Cepal no Brasil.
Outro fator relevante para as economias da região é o preço das matérias-primas, que ficou em baixa neste ano e para as quais não se esperam mudanças significativas em 2016. Entre janeiro de 2011 e outubro de 2015, a queda dos preços dos metais e da energia (petróleo, gás e carvão) foi próxima de 50%, enquanto os preços dos alimentos diminuíram 30% no mesmo período.
Durante o ano de 2015, o preço dos produtos energéticos é o que mostra a maior queda, 24% até outubro, enquanto o preço dos metais diminuiu 21% e o dos produtos agrícolas, 10%.
O estudo demonstrou também aumento da taxa de desemprego, que chega a 6,6% e corresponde a 14,7 milhões de pessoas. O emprego assalariado cresceu 0,4%, percentagem muito inferior à de 0,8% registrada em 2014.
O secretário executivo adjunto da Cepal, Antonio Prado, falou sobre a importância de o Brasil superar a crise política e as incertezas do momento atual.
"Há uma parada nos investimentos por conta desse estado de incerteza. O Brasil deve estimular investimento em infraestrutura, não só o governo, mas a iniciativa privada também. É muito importante superar a crise política", disse.
A boa notícia, segundo Alícia Bárcena, é que os acordos firmados na COP21 devem incentivar investimentos em novas fontes para a produção de energia renovável, o que deve trazer um grande potencial para a região. A COP 21, Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, foi encerrada no último fim de semana em Paris.