A alta do dólar e o cenário econômico internacional em 2015, causaram uma queda de cerca de 16% nas importações de produtos chineses no país entre janeiro e novembro de 2015, segundo a Câmara de Comércio e Indústria Brasil China (CCIBC). Caímos de US$ 34,5 bilhões para US$ 29 bilhões. E percebemos, claramente, que os tipos de produtos com quedas maiores foram aparelhos celulares, eletrônicos em geral, componentes de computadores. Outra queda significativa foi no setor de máquinas industriais, que caiu 22% até novembro de 2015, afirmou o diretor da CCIBC, Kevin Tang.
Entre as consequências do ano ruim para o mercado de importação está o fechamento em dezembro da Associação Brasileira de Importadores, Produtores e Distribuidores de Bens de Consumo (Abcon). Um ex-funcionário que não quis se identificar afirmou que os associados optaram por fechar a associação tendo em vista a queda no número de negócios realizados neste ano. Segundo ele, as importações de bens de consumo da China caíram cerca de 60% no primeiro semestre de 2015.
O impacto da alta do dólar é grande, mas não é tudo. As exportações chinesas caíram no mundo. E tem o próprio cenário econômico brasileiro, a queda na atividade econômica, disse.
Para uma lojista do shopping Xavantes que vende produtos eletrônicos oriundos da China, e que preferiu não se identificar, a alta do dólar influenciou menos do que a crise econômica. O preço pode ter subido um pouco, mas a falta de movimento não é por causa disso. Acredito que é muito mais o medo do desemprego, as pessoas estão evitando comprar mesmo.
Onde cresceu. Se os equipamentos eletrônicos, brindes, bens de consumo e industriais apresentaram queda significativa, outros segmentos cresceram. Um dos destaques foram os diques flutuantes de embarcações para estaleiros, a área portuária, disse Tang.
Construção
Negativo. Entre os setores que tiveram maior queda de importação da China, destaca-se a construção civil que teve redução de 27% no período de janeiro a novembro de 2015, segundo o CCIBC.
China deve manter investimentos no Brasil em 2016 A queda na aquisição de produtos chineses pelo Brasil não deve diminuir os negócios entre os dois países, na avaliação do diretor da Câmara de Comércio e Indústria Brasil China (CCIBC), Kevin Tang. A China acredita mais no Brasil do que o próprio brasileiro, afirma Tang. O diretor explica que existe uma sinergia no momento econômico que os dois países estão vivendo. Enquanto o modelo de desenvolvimento baseado no consumo está esgotado no Brasil, hoje, a China está mais voltada para dentro. Por outro lado, o Brasil precisa de investimento e as grandes empresas chinesas querem conquistar novos mercados, explica o diretor.
Para o presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Olavo Machado, os investimentos privados externos são uma saída para a crise econômica que o Brasil enfrenta. Não resta alternativa além do investimento privado, seja nacional como estrangeiro, para o Brasil sair da crise. E a China é uma parceira importante, destacou Olavo Machado.
Outra vantagem segundo Kevin Tang é que o Brasil, diante do cenário de incerteza política, torna-se mais barato. Como dizem, o Brasil está em liquidação. O país, porém, ainda carece de infraestrutura, por isso, os investimentos dos chineses devem chegar nas áreas portuárias, aeroportuárias, óleo e gás e setor elétrico, aposta Kevin Tang.