Publicado em 27/05/2013 às 18:21, Atualizado em 27/07/2016 às 11:23
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Depois de crescer 25% no ano passado, a produção de eucalipto em Mato Grosso do Sul começa a enfrentar forte crise em 2013, segundo a Reflore-MS (Associação de Produtores e Consumidores de Florestas Plantadas). Ainda não há expectativa do tamanho do rombo nas contas este ano, já que os dados nacionais só devem ser publicados no próximo mês, mas a previsão não é boa.
Assim como outros setores, a exploração de florestas está submersa na crise mundial, o que trava o cultivo. A tendência, segundo o presidente da associação, Junior Ramires, é diminuir ainda mais. O custo da mão de obra chegou a subir 17% no Estado, contra 7% da inflação. E com a economia em baixa, em ordem mundial, os preços estão parados, tanto de madeiras, quanto das matérias que provêem da madeira, como a celulose e carvão vegetal. O setor não é diferente do que vive o País. Na minha opinião, a situação é grave. É um processo que vem se agravando e a economia não reage, relata.
Dos 450 funcionários da empresa Ramires Reflorestamento, em Ribas do Rio Pardo, apenas 350 continuam contratados. Nós tivemos que diminuir. Vamos colocar o pé no freio, diz o presidente da Reflore, que também é diretor da empresa de Ribas do Rio Pardo.
Altas cargas tributárias e o aumento dos custos internos no País são outros motivos para o enfraquecimento. "A produção fica ameaçada diante dos fatores mundiais", diz Ramires. Segundo ele, alguns eventos esportivos que acontecerão no Brasil, como a Copa do Mundo e as Olimpíadas, têm feito o governo Federal tirar o foco de discussões importantes.
De acordo com dados da Reflore de 2012, em nove anos, a área plantada de eucalipto saltou de 90 para cerca de 580 mil hectares. Porém, sem a instalação de novas empresas consumidoras de madeira, Ramires acredita que a produção será interrompida.
Em menor escala, pinos e seringueira, matérias primas nas florestas no Estado, também sofrem com a crise. A produção no Estado é quase exclusivamente dedicada à fabricação de celulose, sendo uma parcela de menos de 200 mil hectares para carvão, energia e outros materiais.
Se não houver a instalação de novas fábricas e uma mudança estrutural, Ramires acredita que a vantagem do Estado, em relação ao restante do País, pode ser menor em 2013. Dados apontam que o País cresceu em produção apenas 2% em 2012, contra os 25% de Mato Grosso do Sul.
Esse ano não será o mesmo vigor. Estamos falando de uma cultura que leva sete anos, o processo é lento, as coisas vão acontecendo aos poucos. Desde que as crises financeiras começaram no País, a produção sentiu.
Em relação à pecuária, os rendimentos chegam a ser até seis vezes maiores. No ano passado, o pesquisador da Embrapa, Armindo Kichel, avaliou que 1 hectare de eucalipto bem aproveitado renderia entre R$ 7 e 9 mil ao fim de 6 anos, enquanto a mesma área, se for utilizada para pecuária tradicional 1 vaca por hectare, rende R$ 1.200 mil no mesmo período.