Publicado em 27/09/2015 às 15:03, Atualizado em 27/07/2016 às 11:23

Alta do dólar eleva temor de recessão no comércio nas cidades de fronteira

Nova Notícias - Todo mundo lê

Redação, Correio do Estado

A escalada do dólar na última semana, que levou a moeda norte-americana às maiores cotações dos últimos 13 anos, traz vantagem temporária, mas também incerteza e ainda mais temor de recessão no comércio das cidades sul-mato-grossenses que fazem fronteira com o Paraguai, como Mundo Novo, vizinha de Salto del Guairá, e Bela Vista, irmã de Bella Vista Norte. Na avaliação de dirigentes de entidades empresariais ouvidas pelo Correio do Estado, num primeiro momento, a alta até pode propiciar benefícios isolados para uma ou outra atividade do lado brasileiro, mas, em médio prazo, esse cenário torna-se mais especulativo do que propriamente vantajoso para as cidades fronteiriças. 

“Para nós, não é bom. O Paraguai não é um concorrente e, sim, um parceiro nosso. Como temos muita gente do Paraguai que tem empresa e mão de obra do Brasil trabalhando lá hoje, se passa a ter dificuldade de venda [o movimento deles cai], as empresas vão demitir os funcionários brasileiros. Também temos vários hotéis e restaurantes que dependem do fluxo de vendas. Para nós, é muito ruim ter o dólar nesse preço”, enfatiza Vanderley Ranke, diretor da Associação Comercial de Mundo Novo.

Com uma população estimada de 17 mil habitantes, cerca de 600 empresas instaladas (entre comércio e indústria) no município e aproximadamente 2,5 mil empregos gerados somente em território brasileiro, além de outros 400 empregos do lado de lá da fronteira, a entidade acompanha com preocupação a crise na vizinha Salto Del Guairá, de 40 mil habitantes, diretamente associada à alta do dólar desde o início do ano, que afugentou o turista brasileiro, e também ao desaquecimento da própria economia brasileira.

De acordo com dados do jornal paranaense O Presente, a prefeitura da cidade paraguaia estima que 10 mil trabalhadores tenham perdido seus empregos desde o início do ano. Salto também amarga queda de 70% no movimento comercial.