Publicado em 22/08/2019 às 09:00, Atualizado em 21/08/2019 às 20:49
É a segunda vez que o repórter é alvo de homofobia e ameaças em suas redes.
Após a publicação da reportagem “O drama de Michelle: avó traficante e mãe acusada de falsificação” em 15.ago.2019, o repórter Nonato Viegas (Veja) passou a ser alvo de ameaças e ofensas em suas redes sociais. Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PSL), insatisfeitos com o conteúdo da reportagem, expõem a imagem de Viegas e de sua família com comentários homofóbicos. Alguns enviaram ameaças por meio de mensagens privadas e comentários em fotos.
É a segunda vez que o repórter é alvo de homofobia e ameaças em suas redes após a publicação de uma reportagem sobre a família Bolsonaro. Em 2018, ainda no período eleitoral, Viegas relatou agressões verbais e homofobia após a publicação da reportagem “O outro Bolsonaro”.
Uma das origens das postagens que expõem o repórter e seu marido é a conta do Twitter @NaBocaDo_Povo, com 10,9 mil seguidores. “Nonato Viegas, esse é o canalha que expôs a vida da primeira Dama na Veja. Olha ele aí na foto se casando, vamos expôr a vida dele também.” Esse texto foi retuitado 1,4 mil vezes e teve 2,2 mil curtidas até as 16h do dia 19.ago.2019.
Em resposta a esta postagem, o usuário identificado como “Arley Pátria Amada Brasil” conclama: “É galera. Tá na hora da gente largar de sermos frouxos e pacifistas. Acho que tá na hora de beber sangue. Canalha não merece misericórdia” (sic).
No Facebook, a página Levanta Brasil publicou a imagem de Viegas com os dizeres em letras maiúsculas “esse vagabundo militantes que estao expondo a vida imtima da primeira dama e todos que cercam o governo bolsonaro sem carater e sem ideal eles atacam em assuntos que nao tem maior importancia e transforma em mentiras e ofensas covardia desse bandido da midia vamos dexa lo famoso” (sic). A publicação tinha mais de 12 mil compartilhamentos até a publicação desta nota. Hugo Marques, que também assina a reportagem, e Thiago Bronzatto, editor da Veja, também tiveram as imagens divulgadas na página.
Em comentários no seu perfil de Facebook e mensagens na mesma plataforma, Viegas recebeu ameaças. O usuário Jefferson Willian Coelho publicou um post com a foto do repórter e de seu marido com os dizeres “não vamos te deixar em paz vamos perguntar tanto que tua vida vai virar um inferno sua bicha”. Antonio Falavigna Primo enviou a mensagem “Gostaria de te encontrar vagabundo. (…) Nós vamos te encontrar”.
A Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo)manifestou solidariedade a Nonato Viegas, Hugo Marques e Thiago Bronzatto. As ofensas homofóbicas e ameaças contra Viegas devem ser investigadas e seus autores, devidamente punidos pelas autoridades competentes. O ataque a jornalistas por causa do que publicam é um ataque à democracia – e, como tal, merece repúdio. O presidente deveria usar a influência que exerce sobre seus apoiadores em redes sociais para desencorajar esse tipo de ação.