Publicado em 14/07/2019 às 13:35, Atualizado em 14/07/2019 às 11:55

Rafinha Bastos critica bastidores do 'proteste já', do 'CQC'

O ex-repórter ainda falou sobre a cobertura política que era feita pelo CQC.

Redação,

O humorista Rafinha Bastos fez críticas ao extinto programa CQC, da Band, no qual foi repórter entre 2008 e 2011, em um vídeo do canal do YouTube Ilha de Barbados, que apresenta ao lado de Cauê Moura e PC Siqueira, que foi ao ar nesta semana.

"Não quero tirar totalmente o mérito das coisas que a gente fez. Tinha uma equipe muito legal que trabalhava. Quero só mostrar o outro lado. Tinha o outro lado, que é um lado de falsidade, que é entretenimento, entendeu?", afirmou Rafinha.

A maior parte das críticas se referiram ao quadro Proteste Já, em que ele, Danilo Gentili e Oscar Filho cobravam autoridades sobre problemas públicos em cidades espalhadas pelo Brasil: "'Criar' um problema, não. Mas o que a gente fazia era chegar lá e falar: 'Não é bem assim...'"

"O problema não é tão ruim assim... Esse buraco que tá aberto... Meio que não passa carro. Era um buraco horrível, mas não passa carro! O prefeito, coitado, já tentou fazer 50 licitações, tá super envolvido e fala: 'cara, semana que vem os caras tão vindo fechar'. Pô, dá pra gente fazer de conta então que foi por causa da nossa pressão. Tem isso", contou.

Em outro momento, continuou: "Muitas vezes eu entrava, principalmente em mudança de mandato, na cara do prefeito, e o cara me olhava tipo: 'Tô aqui há 12 dias, brother. Não sei nem do que você tá falando'."

"Aí o que a gente fazia? Na hora de montar, tirava ele se justificando e tal e colocava... f*** totalmente. A edição era pra eu ficar da hora e os caras 'ficar mal'. Sem contar que, naturalmente, eu já fazia os caras ficarem mal também porque muitos deles estavam mal, o que eles tavam fazendo era cag***", prosseguiu.

Porém, ele ressalta a importância do Proteste Já na maioria das vezes: "Muita coisa que a gente fez ali era legal. A gente realmente pressionava, tinha absurdos na política local, tinha negócios muito terríveis que a gente realmente mostrava, um Brasil real."

O ex-repórter ainda falou sobre a cobertura política que era feita pelo CQC: "Quantas vezes a gente vai no Congresso Nacional, pega um cara correndo, saindo de uma CPI, entrando na outra, com mil coisas na cabeça e fala assim: 'qual a capital da Argentina?"

"O cara fica assim: 'Ah... Isso aí é... Hã... Buenos Aires!'. O que a gente faz? Põe uma ampulheta, 'olha nossos representantes, como são burros!', e tal!"

Rafinha também fez uma reflexão: "Hoje, quando eu faço uma piada no Twitter ou num show, o cara tira isso de contexto, coloca no site e me f***. Não posso me fazer de vítima, porque eu fazia a mesma coisa. Era eu que tava lá tirando a informação dos caras pra depois tirar de contexto e reeditar."

"Já fiz parte desse jogo. Não tenho orgulho de ter feito parte. Tenho orgulho, sim, de ter feito muitas coisas legais, mas eu fiz parte de um jogo muito complicado. Quando falam: 'Ah, você não tem mais programa de televisão', brother, não é o lugar mais saudável do mundo."

Na sequência, voltou a criticar seu ex-colega de CQC, Marco Luque: "Se você tem coisa na cabeça, é um ser pensante, você sofre. Porque também tem os 'Marco Luque', que são um bando de ignorante, que entra e sai como se nada tivesse acontecido. E ele é muito mais feliz do que eu, porque não tem ideia do processo. Eu critico, julgo, penso, aí vira um sofrimento".

Rafinha Bastos ainda brincou: "vou escrever um livro sobre a verdadeira história do CQC!".

Conteúdo Estadão