Publicado em 13/02/2018 às 08:05, Atualizado em 12/02/2018 às 16:08

Pesquisadores criam sistema portátil em parceria com a Polícia Federal

As análises das substâncias são feitas em até um minuto.

Redação,
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Divulgação

Pesquisadores do Instituto de Química da Universidade Federal de Uberlândia (IQ-UFU) criaram um sistema portátil capaz de detectar substâncias contaminantes em pessoas, como drogas por exemplo. A ferramenta pode ajudar no trabalho da Polícia Federal.

O projeto, feito em parceria com o órgão, já está em fase de comercialização e gera lucros à universidade por meio de Royalties. De acordo com o professor e pesquisador do instituto, Eduardo Richer, o sistema permite identificar substâncias que não deveriam estar em determinados produtos e faz análises das substâncias em até um minuto.

O projeto começou a ser realizado em 2010 e é feito por alunos de doutorado e mestrado de química da UFU. O pesquisador disse que testes definitivos em maconha e cocaína já são feitos em Uberlândia desde o ano passado em parceria com a PF.

Ainda segundo o pesquisador, o dispositivo portátil consegue analisar bebidas em até dois minutos. “Uma bebida que está adulterada, com o ‘boa noite cinderela’ por exemplo, fazemos a análise em aproximadamente dois minutos para confirmar a contaminação”, disse.

Além disso, o sistema pode analisar substâncias como cocaína, permitindo dizer se a substancia está pura e também quais contaminantes estão presentes na droga. “Um exemplo do trabalho com Polícia Federal é quando acontece uma apreensão de cocaína. O dispositivo permite dizer se é ou se não é cocaína, e algumas vezes que tipo de contaminante está presente na droga, e ainda, dependendo do tipo, conseguimos até informação sobre a origem da droga”, explicou.

Já com os combustíveis, por ser portátil, o equipamento pode ser levado até os postos para que o combustível seja analisado. “Outra vantagem do sistema é que levamos eles até os locais, diminuindo o tempo de análise”, completou.

O dispositivo também pode auxiliar na análise de medicamentos naturais usados para o emagrecimento. Segundo o pesquisador, muitos destes remédios contêm substâncias que não são de origem natural. "Nos produtos de emagrecimento, conseguimos detectar se há alguma substância não natural que engana as pessoas," afirmou.

Parceria com a Polícia Federal

A Unidade Técnico Científicas da Polícia Federal em Uberlândia é responsável por cerca de 88 municípios que vai da divisa com São Paulo até divisa com a Bahia. De acordo com o chefe da unidade, Mário Henrique Palis Santana, o disposto auxiliará na agilidade dos processos de análise.

Com os testes sendo feitos pelo dispositivo, o processo demora cerca de sete dias, tempo menor que antes, quando era necessário enviar todo o material para Belo Horizonte ou Brasília, e levava aproximadamente um mês.

"Em uma apreensão de drogas, por exemplo, em que são recolhidas centenas de quilos de substâncias suspeitas, ao invés de trazer todo este material para o laboratório para fazer amostragem e teste preliminar de identificação, levaria o equipamento ao lugar da apreensão e o resultado sairia na hora," completou Santana.

Royaties para a UFU

De acordo com o pesquisador Eduardo Richer, o sistema portátil já está em fase de comercialização por uma empresa espanhola chamada DropSens – Metrohm e já é uma fonte de retorno econômico-financeiro para a universidade por meio dos royalties. Pelo contrato, a UFU recebe 5% de royalties sobre cada dispositivo vendido. Cerca de quatro dispositivos já foram vendidos no Brasil.