Publicado em 03/01/2018 às 11:34, Atualizado em 03/01/2018 às 10:26
Não preciso de homem nem de sexo para ser feliz.
A aposentada Ieda Garcia não transa há 23 anos. Aos 62, ela diz que é bem resolvida com a decisão e que prazer não é apenas o sexual. "Meu amor-próprio me basta. Não preciso de homem nem de sexo para ser feliz".
No depoimento à seguir, Ieda explica sua decisão e fala de suas realização como mulher.
"Tinha 19 anos e meu ex-marido 33 quando começamos a namorar. Nossa paixão foi avassaladora, fui contra tudo para ficar com ele. Meus pais não aceitavam o namoro por ele ser mais velho e ter três filhas com a ex-mulher. No dia do nosso casamento, nenhum dos meus amigos e familiares apareceu.
Casei virgem, só transei aos 21. Tudo o que eu aprendi no sexo foi com o meu ex. Eu era feliz e me sentia completa com ele. Nossa vida sexual era excelente, não tinha do que reclamar.
Depois que nossa filha nasceu, as coisas mudaram.Em parte a culpa foi minha, deixei de ser esposa a passei a ser só mãe, vivia em função da menina. Meu marido não aceitou e se tornou frio, descontava na nossa filha toda a sua frustração, precisei ser mãe e pai dela ao mesmo tempo. Nosso casamento acabou após ali, apesar de ainda termos morado juntos por mais 15 anos."
"Quando comecei a pensar em me separar, resistia um pouco à ideia. Pensava: 'Meu marido é bom na cama. Como vou ficar se me divorciar? Não vou ficar por aí procurando homem!'. Só que nós já transávamos esporadicamente, uma vez a cada três meses. Nem beijo na boca a gente dava mais.
Nos últimos três anos antes da separação o sexo acabou de vez, dormíamos na mesma cama, mas a relação homem e mulher já não existia mais.
Depois de mais de duas décadas de convivência me divorciei. Meu ex foi o único homem que tive na vida. Decidi que não iria me relacionar com mais ninguém. As pessoas me cobravam, diziam que eu era jovem, que tinha que arranjar um namorado, mas eu não ligava... Uma vez até entrei num aplicativo de relacionamento por incentivo da minha filha para ver como funcionava. Mas não era pra mim, saí na hora."
"Nunca tive um encontro, não me lembro de ter sido paquerada e também nunca paquerei ninguém. Mas nem por isso deixei a beleza de lado, pelo contrário, sou bastante vaidosa, gosto de estar magra, bonita e saudável para me olhar no espelho e admirar o que vejo. É muito importante nós mulheres cuidarmos da alimentação, da saúde e da aparência mesmo estando solteiras. Devemos nos arrumar primeiramente para nós e para o nosso próprio bem-estar. Não para atrair os homens.
Em todo esse tempo, nunca me interessei por nenhum homem e nem senti vontade de beijar ou fazer sexo. É uma escolha, não tenho nenhum tipo de trauma. Sexo não me faz falta, estou muito bem, obrigada. Essa é uma questão bem resolvida na minha vida. Talvez para muitas pessoas transar seja apenas o ato sexual em si, mas para mim está intimamente ligada ao afeto, ao toque, ao beijo, ao sorriso, ao carinho, tudo faz parte do conjunto."
"Ao longo desses 23 anos passei a me ocupar de coisas que realmente me dão prazer. Viajar, ir à igreja, jogar vôlei, andar de bicicleta, fazer pilates e natação. Adoro cozinhar e receber visitas em casa. Gosto da minha independência, de ficar com os meus cachorros e de estar perto da minha família e ter a sensação de que estou ajudando.
Estou satisfeita com os meus 62 anos e quero viver muito mais. Nunca me senti triste e sozinha, não tenho outro relacionamento simplesmente por opção, não é por medo de sofrer. Quando me perguntam se eu casaria novamente, digo que não é impossível, mas acho muito difícil eu voltar a amar alguém, não me vejo com outra pessoa.
Para mim, casamento é só uma vez na vida. Aprendi que se você não se ama, não tem como exigir que o outro te ame. Meu amor me basta e é por isso que não preciso de homem nem de sexo para ser feliz".
Fonte - UOL