Publicado em 24/10/2021 às 14:14, Atualizado em 24/10/2021 às 12:08
Ao longo de 25 anos no ar, o seriado entregou 27 temporadas ao público
O sucesso de “Malhação” é inegável. Não necessariamente no que diz respeito à audiência, mesmo porque algumas das 27 temporadas do seriado não chegaram a ter números tão bons assim.
Mas, ao longo de 25 anos no ar, o tradicional “folheteen” da Globo revelou muitos dos principais nomes do elenco da emissora, recebeu convidados mais que especiais e mexeu em temas que, até então, ainda eram considerados tabus na televisão aberta.
Por isso mesmo, o anúncio de seu cancelamento marca o encerramento de um dos projetos de teledramaturgia mais marcantes para os telespectadores das últimas décadas.
Quando estreou, em 24 de abril de 1995, o título fazia jus à trama. A história se passava em uma academia, cenário que se manteve na produção ininterruptamente ao longo de quatro temporadas.
Até que a Globo resolveu ousar e, na quinta leva de episódios, passou a transmitir o programa ao vivo, do apartamento do bem-humorado Mocotó, interpretado por André Marques. A ideia não deu certo, fazendo com que a trama voltasse para a academia, mas sabia-se que era necessária uma reformulação completa no formato.
E, aí, entrou em cena o Múltipla Escolha, colégio particular da Zona Sul carioca que, apesar de mudar de nome algumas vezes, sobreviveu por 11 anos em “Malhação”.
De lá para cá, quase todas as temporadas tiveram boa parte de suas cenas ambientadas em instituições de ensino. Uma das exceções foi a 22ª, que é atualmente reprisada pela Globo, em que uma academia de artes marciais e uma escola de artes são os principais cenários.
A lista de personagens marcantes é extensa. Afinal, vez ou outra, alguns se mantinham de uma temporada para a outra.
Como Dado, de Cláudio Heinrich; Fabinho, de Bruno De Luca; Cabeção, de Sérgio Hondjakoff; Romão, de Luigi Baricelli; Touro, de Roger Gobeth; Bia, de Fernanda Nobre; Duda, de Giselle Policarpo; Professor Pasqualete, de Nuno Leal Maia; Drica, de Gisele Frade; Sol, de Renata Dominguez; Beto, de Sérgio Abreu; e Vilma, de Bia Montez, entre tantos outros.
Assim como a relação de atores e atrizes que estrearam em “Malhação”. Marjorie Estiano, Thiago Lacerda, Caio Castro, Priscila Fantin, Nathalia Dill, Débora Falabella, Bianca Bin e Cauã Reymond são só alguns deles. Daí a fama de celeiro de talentos, de escola de atores que o seriado carregou durante duas décadas.
Até pelo apelo jovem, “Malhação” foi palco de algumas apresentações musicais, incluindo internacionais. Alanis Morissette e Bon Jovi foram alguns dos artistas que marcaram presença nas cenas. Os temas abordados também surpreenderam.
O HIV já entrou em pauta algumas vezes. A principal dela, no entanto, foi ainda em 2000. Na época, Erika, personagem de Samara Felippo, descobria ser portadora do vírus e tinha de aprender a conviver com isso.
Virgindade, gravidez na adolescência, dependência química, câncer, bulimia, orientação sexual, enfim, não faltaram assuntos considerados tabus em diversas temporadas.
Nas temporadas mais recentes, rolaram até beijos gays. Como em “Toda Forma de Amar”, a última inédita, entre os personagens de João Pedro Oliveira e Pedro Alves, Serginho e Guga.
É claro que o cancelamento de “Malhação” pode não necessariamente ser definitivo. Mesmo porque a própria pandemia do novo coronavírus fez com que os trabalhos fossem interrompidos por muito tempo.
Além disso, com os investimentos da Globo no streaming, com o Globoplay, é possível que alguma aposta similar possa surgir na plataforma. Com menos episódios, talvez, mas com a mesma pegada jovem e, até pela liberdade artística que a internet carrega, com abertura para debates ainda mais profundos.
Fonte: TV Press