Publicado em 13/03/2017 às 09:00, Atualizado em 13/03/2017 às 11:57
O estudo aponta para uma positiva mudança que vem ocorrendo no país.
Em pesquisa publicada pela Elsevier, o Brasil revelou-se o país líder em igualdade de gênero no campo da ciência. O estudo Gender in the Global Research Lansdcape ("O Gênero no Cenário Mundial de Pesquisa") mostrou que o país superou a União Européia, Estados Unidos, Portugal, México e Chile.
O que se destaca é a diminuição na dispariedade entre publicações feitas por homens e mulheres nos últimos 20 anos. A proporção de artigos publicados por elas teve um aumento de 11%. Hoje, eles constituem quase metade (49%) dos papers produzidos no país. A quantidade de publicações é considerado o principal fator de sucesso científico.
Portugal também apresenta a mesma porcentagem em relação ao total de estudos publicados. Mas o Brasil continua na frente, já que as portuguesas lançaram, entre 2011 e 2015, um total de 27.561 artigos, enquanto as brasileiras assinaram quase cinco vezes mais no mesmo período: 153.967 artigos — existem mais brasileiros no mundo do que portugueses, vale lembrar.
O estudo aponta para uma positiva mudança que vem ocorrendo no país, já que durante os anos de 1996 e 2000, a porcentagem de papers assinados por mulheres era de apenas 38%. Para título de comparação, atualmente, 41% é o índice de artigos publicados por pessoas do sexo feminino na União Europeia, 40%, nos Estados Unidos e no Reino Unido, e apenas 20% no Japão.
A professora Márcia Barbosa, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), e diretora da Academia Brasileira de Ciências (ABC), afirma que a notícia é animadora. "As mulheres já ultrapassaram os homens em mestrados e doutorados", ela afirma.
Mesmo assim, há muito a ser feito. Segundo Barbosa, ainda há poucas mulheres em cargos de liderança científica que reflitam de verdade o cenário de igualdade revelado pela pesquisa. A proferssora aponta também para o fato de que as ciências exatas continuam esvaziadas de mulheres.
"Além disso, esta participação feminina entre estudantes ainda está concentrada nas áreas sociais e da saúde", explica à GALILEU. "Ainda não temos um percentual significativo de mulheres nas áreas duras como física, informática, engenharias."
O estudo aponta para o problema de que, apesar das estatísticas mostradas, as mulheres publicam menos artigos por pesquisa do que os homens. Seus artigos também são citados menos frequentemente que os deles, algo comum no países latinos, segundo a pesquisa.
"Para que uma mudança expressiva ocorra, agora que já temos mulheres com formação de doutorado, urge que haja uma mudança cultural. Mulher pode ser líder", conclui Barbosa.