Publicado em 06/07/2019 às 15:00, Atualizado em 05/07/2019 às 16:49
O projeto “Liberdade sobre Rodas” é desenvolvido pela Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen).
Nas mãos de reeducandos do Estabelecimento Penal Masculino de Regime Fechado de Nova Andradina, bicicletas apreendidas pela Justiça estão sendo transformadas em cadeiras de rodas, proporcionando acessibilidade e a liberdade da locomoção a quem realmente precisa.
O projeto “Liberdade sobre Rodas” é desenvolvido pela Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário (Agepen), por meio da direção do presídio, e o Conselho da Comunidade de Nova Andradina. Ao todo, cinco internos participam da iniciativa que tem como objetivo oportunizar ocupação produtiva e capacitação aos apenados, além de beneficiar instituições como asilos, Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais – APAE, hospitais e Rotary Club.
Para a realização dos trabalhos, os participantes estão recebendo orientação técnica de um instrutor do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – Senai, com ensinamentos sobre manuseio das ferramentas, reutilização das peças e métodos necessários para a montagem das cadeiras de rodas. Unindo teoria e prática, o curso terá duração de 20 horas/aula.
Conforme o diretor da unidade penal, Edir Rubens Queiroz Campos, após a capacitação os internos estarão aptos a desenvolver os trabalhos, que serão organizados de forma específica. “Cada trabalhador será responsável por uma atividade, como se fosse uma fábrica com trabalhos em série, dessa forma, podemos intensificar a confecção, profissionalizar a mão de obra e identificar possíveis erros de produção”, explicou.
Em média, para fabricar uma cadeira de rodas são necessárias três bicicletas. “Atualmente, recebemos a doação de aproximadamente 230 bicicletas e planejamos produzir uma cadeira de rodas por semana, com isso será possível atender muitas organizações comunitárias locais”, complementou Edir, explicando que essas bicicletas, muitas em péssimo estado e sucateadas, ficavam ocupando espaço no pátio da Delegacia da Polícia Civil local, o que acaba resolvendo também um outro problema.
Os internos que trabalham na confecção das cadeiras são beneficiados com a remição de pena: um dia a menos para cada três dias trabalhados. Além disso, o trabalho oferece uma nova especialização aos trabalhadores, ajudando na inserção ao mercado de trabalho, que geralmente é dificultada pelo preconceito da sociedade.
Para o diretor-presidente da Agepen, Aud de Oliveira Chaves, a instituição desenvolve diversos projetos sociais junto à população carcerária do estado que atendem diretamente à população carente. “Dentre as iniciativas que utiliza mão de obra prisional temos a reforma de escolas, fabricação de brinquedos, confecção de perucas para pessoas com câncer, hortas sociais, entre outros, o que tem contribuído muito para a reintegração social dos apenados”, destacou.
Texto: Tatyane Santinoni e Keila Oliveira.