Criança indígena de 1 ano e três meses morreu com quadro de desnutrição em Dourados, na última segunda-feira (1º). O caso foi divulgado nas redes das mulheres guarani caiuás apenas ontem (5), indignadas com a situação.
De acordo com a publicação oficial da Aty Guasu, a criança foi enterrada às margens da rodovia BR-463, local onde está acampamento da Retomada de Apyka'i, também conhecida como região do Curral de Arame. Entretanto, reiterou que a família constantemente mudava de local em busca de comida pela cidade de Dourados e estaria atualmente na Favela Santa Felicidade.
O MPF (Ministério Público Federal) já acompanha o caso e o procurador da república em Dourados, Marco Antônio Delfino de Almeida disse que a situação é um caso isolado e que a criança que faleceu tem outros quatro irmãos que não estão com desnutrição.
“É um caso isolado”, informou, lembrando que a família mora em uma área de ocupação urbana (favela) de nome Santa Felicidade. Lá, moram em barracos apenas 14 famílias indígenas e outras 200 não indígenas.
A ocupação existe há pelo menos 10 anos e está localizada atrás do Parque de Exposições de Dourados, perto do bairro Jóquei Clube. A família é de área em Amambai e ainda não há detalhes da razão de terem saído de lá.
“Precisamos entender porquê agentes comunitários do município não visitam a localidade. Não é por ser uma ocupação que não precisa dessa assistência”, sustentou.
Por fim, o procurador afirmou que diligências serão realizadas para apurar a razão da desnutrição da criança de 1 ano e que a família será ouvida, bem como o município. Procedimento foi aberto para apurar o caso.
Atendimento médico - O Condisi (Conselhos Distritais de Saúde Indígena) esclareceu ao Campo Grande News que a criança que faleceu não pertencia às aldeias Jaguapiru e Bororó, localizadas em Dourados. Por causa disso, a entidade afirma que não tinha informações sobre a família em seu banco de dados.
“A família da criança veio da Aldeia Amambai e está atualmente morando em uma área urbana na Vila Jóquei Clube, em Dourados. A Sesai só presta atendimento em retomadas e aldeias”, informou o conselho.
Informações da Aty Guasu dão conta que a família da criança morta foi retirada da Retomada Apyka’i, ás margens da BR-463, em 2016, após serem despejados. Tal área faz parte do território denominado Dourados Peguá e a comunidade luta de maneira incansável pela demarcação das terras nativas Apyka’i.
“A morte dessa criança é só a ponta do iceberg de uma situação gravíssima continuada, que estão ligadas às questões fundiárias, as consequências da não garantia de nossos direitos originários e constitucionais, e dos problemas sociais que decorrem por décadas nos territórios Kaiowá e Guarani”, explica trecho da nota publicada pelas mulheres guarani caiuás.
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