Publicado em 12/01/2018 às 17:00, Atualizado em 12/01/2018 às 11:23
Por Manoel Afonso.
‘ O BENFEITOR’ “Vou montar uma estrutura ou fundação para fazer o bem social, cuidar de crianças”. (tadinhas delas!) A promessa de André Puccinelli, ex-governador, (MDB) em 15/08/2013 na abertura do Shopping Bosque dos Ipês não foi cumprida. Prometeu curtir os netos, praticar a assistência social. Agora perto dos 70 anos de idade anuncia sua candidatura. Se o ex-governador Wilson Martins estivesse lúcido passaria um pito no seu afilhado político e o mandaria brincar com os netinhos. Enquanto pode!
‘ALIENÍGENAS’ Pintam o cabelo, usam botox e até sonham com a volta ao poder. Entediados com a rotina doméstica e o anonimato, ex-políticos sondam suas chances nas eleições de 2018. Mas esse pessoal – sem email e não inseridos no facebook, teriam dificuldades em conquistar o eleitor jovem. Quanto aos seus ex-eleitores, muitos já morreram, dispersaram ou estão no bloco dos indignados.
ENCRUZILHADA Deputado Jair Bolsonaro (PSC), Geraldo Alckmin (PSDB), deputado Rodrigo Maia (DEM) e o ex-presidente Lula. Em quem votar? As pesquisas e o cenário futuro apontam: Bolsonaro poderá capitalizar todas as correntes antiesquerda com seu discurso forte. Sua autodefinição de ‘candidato diferente’ faz sucesso entre os eleitores indignados. Menosprezá-lo é um grave erro político.
‘ROSE ROSA’ Impressiona a disposição da vice governadora Rose Modesto (PSDB) em viajar, conversar e ver de perto problemas atinentes à administração. Evidente que sua experiência como vereadora conta muito nestas ocasiões. Por onde ela passa – também como governadora em exercício deixa excelente impressão. Isso é muito bom!
MANCADA Eu tenho repassado na coluna e na TV o que ouço e respiro nas ruas. Mas os políticos de um modo geral teimam em ‘ignorar’ ou minimizar a opinião pública. Para eles ‘o povo tem memória curta para escândalos, tornozeleiras eletrônicas e prisões inclusive’. Mas esse episódio da taxa de lixo no IPTU na capital mostrou a quanta anda a indignação das pessoas, ricas ou pobres.
E AGORA? Sem discutir detalhes do caso, já conhecidos do leitor, vale analisar o horizonte político do prefeito Marcos Trad (PSD) em seu projeto de poder. Num passe de mágica saiu do céu para o inferno. Não foi bem em suas primeiras justificativas. Faltou-lhe um bom conselheiro. Não abafou o fogo, admitiu falhas, mas atribuiu a culpa a sua equipe técnica, que se presume capaz e de confiança.
A NOVELA não acabará da noite pro dia. O segundo capítulo será a burocrática devolução do dinheiro ao contribuinte. Cenas hilárias previsíveis: de um lado da mesa o contribuinte impaciente/revoltado; de outro - o funcionário refém de regras do processo legalizando a saída do dinheiro do caixa. As notícias e imagens sobre isso devem compor o noticiário, desgastando a administração e o gestor.
EVIDENTE O prefeito sentiu o golpe e já cuida para evitar que as chamas do incêndio se propaguem. Uma tarefa hercúlea que exigirá habilidade política acima de tudo. Mas do outro lado da cerca, os vereadores Vinicius Siqueira (DEM), André Salineiro (PSDB) e dr. Loester (MDB) vão tirar vantagens de suas posições contrárias ao projeto instituindo a taxa do lixo. Faz parte do jogo.
CRITICADA igualmente pela população, a Câmara Municipal da capital saiu chamuscada do episódio ao votar a matéria no final de novembro, sem atentar para vários aspectos discutíveis . Em verdade, uma Súmula Vinculante do STF reconhece essa taxa como legal, mas no caso os critérios técnicos dos cálculos foram totalmente contra o bolso do contribuinte. Aliás, vereadores já repensam candidatura em 2018.
ENFIM... Com exceção dos 3 vereadores citados, toda a classe política envolvida no cenário da capital saiu perdendo. Observadores já admitem inclusive a diminuição do poder de fogo ( apoio) do prefeito Marquinhos na sucessão estadual. Um ex-deputado já vaticina que a neutralidade dele seria menos prejudicial ao seu projeto político.
NEUTRALIDADE? Acho difícil essa opção do prefeito Marquinhos. Nelsinho Trad (PTB) vai bem nas pesquisas ao senado; o deputado federal Fabio Trad é o 5º favorito. Ao todo, o clã Trad tem bom cacife eleitoral. A propósito, em 2015 quando da saída de Fábio Trad do PMDB, o deputado estadual Eduardo Rocha (MDB) bradou : “O PMDB é muito maior que a família Trad”. Que ironia! Hoje em baixa, o MDB quer o apoio de Marquinhos e cia. Como diz a letra daquela canção: “sonhar é tão bom...tão bom...”.
FACADA Exemplo pessoal da taxa de lixo. Apto central com 69 mts2, avaliado em R$163.185,62 e após dedução de R$ 212,00 a título de bônus pela pontualidade, teve o IPTU calculado em R$1.912,59 que com o desconto de 20% no pagto à vista chegou R$1.700,00. A taxa de lixo com desconto de 20% – foi de R$394,60, o equivalente a 23.21% do valor IPTU à vista. Por mês a taxa de lixo seria de R$32,88.
TERRENOS Também ouvi muitas reclamações sobre a cobrança da taxa de lixo dos terrenos sem edificações, diferentemente das penalidades justas pela falta de muros, calçadas e da limpeza por exemplo. A pergunta: terreno vazio produz lixo? Enfim, o caso como todo mostrou a força da cidadania e dos meios de comunicação. Sem violência.
PEPINOS Vários políticos locais com problemas e que podem refletir no futuro, independentemente de decisão judicial. Deputados Zeca do PT, Luiz H. Mandetta (DEM), ex-prefeito Nelson Trad (PTB), ex-governador André (MDB) e a senadora Simone Tebet (MDB) que teve todos seus bens bloqueados pela Justiça Federal em 2016 devido a denúncias do MPF por supostas irregularidades em obras quando era prefeita de Três Lagoas.
É PERIGOSO dizer que a decisão judicial favorável é absorvida automaticamente pela população. Casos por exemplo do senador Aécio Neves (PSDB-MG) e de implicados em casos escabrosos de corrupção. As decisões de ministro Gilmar Mendes ( STF) a favor de ‘ilustres’ corruptos, como a ex-primeira dama (RJ) Adriana Ancelmo e o empresário Jacob Barata (RJ) causando revolta do povo brasileiro. Ou não?
JUSTO VERÍSSIMO O personagem de Chico Anísio criado na década de 80 continua atual diante do que se vê no país. Algumas das frases imortais: “Eu gosto de bufunfa. Eu quero é me empapuçar.”. “Eu quero que pobre se exploda. Eu quero é me arrumar”. “No Brasil de hoje os cidadãos tem medo do futuro. Os políticos têm medo do passado”.
PESQUISAS Quando favoráveis, elogiadas! Se não encantam, criticadas! Para as eleições deste ano já analisei várias delas. Nelas, a situação não é boa para grupos tradicionais que se revezam no poder desde a criação do Estado. E vem aí outra rodada de pesquisas que pode reprisar o sentimento nacional de vingança na encruzilhada.
NÃO INSISTA! Nadar contra a corrente não adianta. Pressa nem pensar. Trânsito lento, escolas vazias refletem o ritmo e clima de férias na capital. Se as repartições públicas ainda em compasso letárgico, os profissionais liberais também estão fora. Férias tem que ser assim, senão não tem graça!
“O julgamento do Lula é o esquenta para o carnaval”. ( José Macaco Simão ).
Por - Manoel Afonso