A Polícia Federal prendeu duas pessoas nesta quarta-feira, dia 08 de novembro, em uma operação de combate ao terrorismo. As investigações indicam que um grupo ligado ao Hezbollah planejava atentados contra alvos judaicos em território brasileiro.
Os presidentes do STF - Supremo Tribunal Federal e do Congresso Nacional repudiaram as ameaças e enfatizaram a tradição do Brasil de tolerância e de acolhimento a povos de todas as nacionalidades.
Os policiais cumpriram dois mandados de prisão temporária. Os dois presos são brasileiros. O primeiro suspeito foi preso na noite de terça-feira (7) ao desembarcar no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, vindo do Líbano. Com ele, a polícia apreendeu US$ 5 mil. O segundo é de Santa Catarina e foi preso nesta quarta-feira (8) em São Paulo. Os nomes não foram divulgados. Eles prestaram depoimento e vão ficar presos, inicialmente, por 30 dias.
Os policiais também cumpriram onze mandados de busca e apreensão em Minas Gerais, São Paulo e no Distrito Federal. Eles apreenderam dinheiro, celulares e documentos, como agendas e anotações.
Outros dois homens que estão no Líbano e que têm dupla nacionalidade também tiveram a prisão temporária decretada pela Justiça. Os nomes foram repassados à Interpol, a Polícia Internacional.
A Operação Trapiche investiga o recrutamento de brasileiros para a prática de atos terroristas. De acordo com investigadores, as primeiras informações de inteligência foram repassadas pelos governos de Israel e dos Estados Unidos.
Na nota oficial, a Polícia Federal não citou o nome do Hezbollah - grupo libanês extremista apoiado pelo Irã, considerado terrorista por vários países, como Estados Unidos, França e Alemanha. Mas, reservadamente, confirmou que os suspeitos têm ligação com o grupo. Alguns chegaram a viajar recentemente a Beirute, capital do Líbano, para encontros com integrantes do Hezbollah.
Os investigados podem responder pelos crimes de formar ou integrar organização terrorista e de realizar atos preparatórios de terrorismo. A lei brasileira, aprovada em 2016, equipara o terrorismo a crime hediondo, que é inafiançável. As penas podem chegar a 15 anos e 6 meses de prisão - inicialmente em regime fechado.
Em nota, a Confederação Israelita no Brasil manifestou “enorme preocupação com a prisão de terroristas no Brasil ligados ao grupo libanês Hezbollah, que, segundo a Polícia Federal, planejavam atentados contra alvos judaicos no Brasil” e disse que “o terrorismo, em todas as suas vertentes, deve ser combatido e repudiado por toda a sociedade brasileira".
A Conib parabenizou a Polícia Federal, o Ministério Público e o Ministério da Justiça pela sua "ação preventiva e reitera que os trágicos conflitos do Oriente Médio não podem ser importados ao nosso país, onde diferentes comunidades convivem de forma pacífica, harmoniosa e sem medo do terrorismo".
A Agência de Inteligência Israelense, conhecida como Mossad, afirmou que “os órgãos de segurança do Brasil, juntamente com o Mossad, seus parceiros na comunidade de segurança israelense e outros órgãos internacionais de segurança, frustraram um ataque terrorista no Brasil, promovido pela organização terrorista Hezbollah, dirigida e financiada pelo regime iraniano”. Segundo a nota, se tratava de uma rede ampla que operava em outros países.
O presidente do STF - Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, afirmou que o Brasil tem tradição de ser contra qualquer tipo de intolerância.
“O antissemitismo já custou muito caro não só ao povo judeu, mas à humanidade como um todo, e é vergonhoso que isso possa ser a qualquer tempo reavivado. Eu penso que o Brasil tem muitos desafios, mas tem algumas características positivas que a gente não pode perder. Uma delas é de ser um país de paz, um país de democracia, um país de tolerância religiosa. Aqui entre nós, todas as religiões, todos os imigrantes, sempre foram bem acolhidos, bem recebidos. Cristãos, judeus, muçulmanos, budistas, sempre puderam praticar o seu credo aqui sob proteção, em liberdade e com respeito e consideração”, afirmou Barroso.
O ministro continuou:
“Essa guerra entre o Hamas e Israel, que começou com um inominável atentado terrorista e que agora tem uma reação que também provoca uma crise humanitária, tem dividido corações e mentes pelo mundo afora. A pior coisa que pode acontecer no Brasil, no entanto, é nós importarmos esse sentimento, tanto o antissemitismo como a islamofobia”.
O presidente do Senado também afirmou que é preciso combater o antissemitismo, a violência e a guerra. Rodrigo Pacheco reforçou que no Brasil não há espaço para o preconceito.
“Fazer valer a disseminação da paz e o respeito às divergências. Nós temos, no nosso território, judeus, palestinos, árabes, europeus, americanos, asiáticos. E todos nós temos que conviver de maneira harmoniosa. É por isso que qualquer flerte de preconceito deve ser rebatido de maneira muito veemente pelas instituições e pela própria sociedade. É um papel da sociedade de buscar sempre ter esse entendimento, essa compreensão a respeito dessas diferenças e divergências que devem conviver de maneira harmoniosa”, declarou.
Rodrigo Pacheco concluiu:
“Definitivamente não pode haver uma contaminação do brasileiro, que é essencialmente pacífico, essencialmente de boa convivência, de respeito a todas as pessoas. Nós não podemos nos deixar contaminar por um discurso de ódio que vem enviesado com preconceito, com intolerância, com muitos equívocos inclusive de informação. Então é o nosso papel, de toda a sociedade brasileira e das instituições públicas, e quero dizer também do Congresso Nacional, de poder combater de maneira muito veemente essa contaminação da sociedade brasileira com esse discurso de ódio. É compromisso de nós todos combatermos isso e pregarmos a paz em todas as situações no nosso país”.
Fonte - g1
Comentários
Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.