A Polícia Federal informou nesta sexta-feira (6) que as investigações até o momento levam a crer que não houve crime contra indígenas na comunidade de Aracaçá, na Terra Indígena Yanomami em Roraima. A apuração ainda não foi concluída. Em abril, foi feita uma denúncia de que uma menina teria sido estuprada e morta por garimpeiros ilegais, além de outra criança que teria sido jogada em um rio durante o ataque.
A polícia ainda aguarda o laudo das cinzas coletadas da cabana encontrada queimada pela equipe que esteve no local após a denúncia vir à tona. O objetivo é saber se no meio das cinzas há algum material orgânico ou biológico.
Segundo a PF, a denúncia surgiu a partir de um mal entendido. Um servidor da Funai estaria vendo um vídeo sobre relatório recém-divulgado sobre a situação na Terra Indígena que cita casos de abuso e estupro de mulheres, e uma liderança que estaria próxima teria comentado que esperava que isso não estivesse acontecendo em Aracaçá.
Um segundo indígena, que ouviu a conversa, teria entrado em contato com uma liderança do movimento, que divulgou a denúncia nacionalmente.
Para chegar a essas conclusões, foram ouvidos, de acordo com a PF, entre outras pessoas, 11 indígenas, sendo nove moradores de Aracaçá, e o servidor da Funai.
O g1 procurou o presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye'kwana (Condisi-YY), Júnior Hekurari Yanomami, que revelou a denúncia, mas ainda não havia conseguido contato até a última atualização desta reportagem.
A denúncia foi divulgada na noite do dia 25 de abril pelo presidente do Condisi-YY.
Em um vídeo nas suas redes sociais, ele afirma ter recebido o relato de que uma menina de 12 anos havia sido estuprada e morta durante um ataque de garimpeiros.
Na mesma ação, uma tia, segundo ele, tentou salvar a menina. Na confusão, uma criança, filha dessa tia, caiu no rio e desapareceu. O relato de Hekurari, com base em informações recebidas por ele via rádio de pessoas da região, foi comunicado por meio de ofício para o Ministério Público Federal, Funai e Polícia Federal na manhã seguinte, dia 26.
Durante as investigações em Aracaçá, Hekurari, que estava na equipe integrada por agentes da PF, Funai e MPF, informou, logo que chegou da comunidade a Boa Vista, que não encontrou os indígenas, e uma das cabanas e um local semelhante a um barracão estavam queimados.
Até o momento, não se sabe quem queimou o local. Há uma suspeita de que possam ter sido garimpeiros. No entanto, também podem ter sido os próprios indígenas. Nesta sexta (6), Júnior Hekurari informou que os indígenas foram localizados longe de Aracaçá, alguns deles acompanhados de garimpeiros.
Fonte - G 1
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