Onça criada como pet em fazenda é resgatada após passar a matar gado no MT

Uma onça, criada entre os gatos e cachorros de uma fazenda na zona rural de Cáceres (MT), foi resgatada ontem pela Polícia Militar de Proteção Ambiental. O proprietário pediu ajuda com o animal, que já estava entrando na fase adulta, após ele passar a matar o gado da propriedade — o que levantou temor pela segurança de crianças e trabalhadores do local. A equipe ficou surpresa ao ver como "Marruá" chegava a ficar dentro de casa deitada no sofá.

O animal apareceu na fazenda durante o período de queimadas no Pantanal, quando perdeu a mãe. Como estava sozinha e debilitada, os trabalhadores da fazenda começaram a cuidar e alimentar a onça.

"O pessoal da fazenda achou e resgatou. Lá é muito grande, muito longe e de difícil comunicação. Foram alimentando ela para não morrer de fome. Foi sendo criada sempre solta, com os gatos, cachorros e seres humanos", conta o PM do Juizado Volante Ambiental, Daniel Silva Mendes, que participou do resgate.

Quando começou a sair da fazenda para caçar, Marruá costumava ficar até três dias na mata, mas sempre voltava para a propriedade. Daniel explica que era comum vê-la deitada no chão da sala de casa ou em cima do sofá.

Apesar de ser criada como um felino doméstico, Marruá já pesava 86 kg. Ela não tinha sinais de maus tratos e não ficava presa em cativeiro na fazenda.

"Em nenhum momento ela foi criada em cativeiro, cercada ou colocada em corrente. Estava muito bem tratada, por sinal. Se ela fosse embora e não voltasse, seria coisa da natureza, mas ela voltava", diz.

Quando os funcionários perceberam que Marruá estava atacando o rebanho, o proprietário do local decidiu entrar em contato com a Polícia Militar, que acionou a Sema (Secretaria Estadual de Meio Ambiente).

"A Sema entrou em contato com a Ong Nex No Extinction, referência em Goiás para cuidar de felinos, e fazem o trabalho para reinserir o animal no habitat. Eles propuseram ir a Cáceres para pegar a onça", conta.

Quando as equipes chegaram na fazenda, encontraram a onça andando livremente pela fazenda, ao lado de um dos funcionários da propriedade. Daniel lembra que ficou receoso quando viu Marruá de perto.

"Nunca vimos uma onça-pintada mansa. Ele [o trabalhador do local] só falou: fica parado que ela vai cheirar você. Ela cheirou e pronto, ficou igual gato, brincando, roçando nas pernas", explica.

Foi a segunda vez em que o PM ficou perto de uma onça, mas, na primeira experiência, o animal ameaçava atacar moradores de uma casa. "Dar de cara com uma onça-pintada daquele tamanho vindo me cheirar como se fosse um gato, me surpreendeu muito".

Os funcionários da fazenda já estavam tão apegados a Marruá, que Daniel conta que sentiu que eles ficaram tristes quando o animal precisou ser levado.

"Ela era praticamente um animal de estimação; eles tinham muito carinho por ela. A esposa do caseiro chegou a ficar com os olhos lacrimejando. Isso é sinal de que ela foi bem tratada", pondera.

Com informações do Portal UOL