A mulher de João de Deus, Ana Keyla Teixeira, de 40 anos, está abalada com as denúncias de abuso sexual contra o marido, segundo o advogado dela, Alex Neder. Ele contou ao G1 que toda a família acredita na inocência do médium e que o líder espiritual está debilitado após a prisão.
“A família toda está muito abalada. Como ela mesma falou, ela nunca ouviu nenhum comentário sobre essas denúncias. Isso, para ela, foi uma surpresa desagradável e ela não acredita”, disse.
Ana Keyla foi ouvida como testemunha pela Polícia Civil no último dia 26. Na ocasião, ela disse que não sabia que existiam armas, dinheiro e pedras preciosas na casa em que morava com o médium, em Abadiânia. A corporação encontrou os objetos em fundos falsos de armários e em um porão.
A polícia, no entanto, avalia se ela pode responder como co-autora dos crimes, pois seria difícil ela não saber do R$ 1,6 milhão escondido no imóvel.
“Ela foi ouvida como declarante para esclarecer alguns fatos. O fato da polícia achar que deve indicia-la é uma coisa, daí o promotor oferecer a denúncia é outra. Mas ela não tem envolvimento nenhum nos fatos”, disse Neder.
João de Deus foi denunciado nesta sexta-feira (28) pelos crimes de violação sexual e estupro de vulnerável. Ele está preso desde o dia 16 de dezembro e a defesa já recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF) para conseguir habeas corpus pelos crimes sexuais.
O Tribunal de Justiça de Goiás concedeu prisão domiciliar ao médium por posse ilegal de arma de fogo. Entretanto, como ainda há o mando de prisão anterior, ele segue no Núcleo de Custódia.
O advogado disse que está preocupado com a saúde do médium na prisão. “Ele está muito debilitado. O próprio juiz que deu a decisão sobre as armas reconheceu que o estado dele é precário, não é um local adequado a cadeia. Ele tinha que estar em casa se tratando”, completou.
Bloqueio de bens
O Tribunal de Justiça determinou, na quinta-feira (27), o bloqueio de R$ 50 milhões das contas de João de Deus. O dinheiro, conforme apurou a TV Anhanguera, será usado para reparação das vítimas, caso ele seja condenado pelos crimes. O advogado de defesa, Alberto Toron, disse que não recebeu qualquer informação sobre essa decisão.
O Tribunal de Justiça informou que "o procesos corre em segredo de Justiça e a divulgação de informações poderá prejudicar o andamento regular do processo".
Prisão
João de Deus está preso desde o dia 16 de dezembro, quando se entregou à Polícia Civil. Ele está detido no Núcleo de Custódia do Completo Prisional de Aparecida de Goiânia, onde dorme sozinho, mas passa o dia em uma cela com outros quatro presos.
A defesa do médium pediu a soltura dele pelos crimes sexuais ao Tribunal de Justiça do Estado de Goiás (TJ-GO) e ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) – ambos negaram o habeas corpus em caráter liminar. Portanto, o pedido foi feito a Supremo Tribunal Federal (STF), que não havia decidido até esta sexta-feira. A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, se posicionou contra a soltura de João de Deus.
Situação atual
Ministério Público Estadual de Goiás denunciou João de Deus por violação sexual mediante fraude e estupro de vulnerável no dia 28 de dezembro;
Médium está preso desde o dia 16 de dezembro;
Ele é investigado por estupro, estupro de vulnerável, violação sexual mediante fraude e posse ilegal de arma;
João de Deus prestou depoimento para a Polícia Civil, quando foi preso, e ao MP-GO, no dia 26 de dezembro;
Esposa do médium foi ouvida pela Polícia Civil e disse que não sabia de crimes;
Defesa teve dois habeas corpus pelos crimes sexuais negados e foi ao STF; Justiça concedeu prisão domiciliar por posse de armas;
MP recebeu mais de 600 emails pelo endereço [email protected] e identificou cerca de 260 vítimas em seis países;
Mulheres que denunciaram João de Deus ao MP tinham entre 9 e 67 anos ao serem abusadas, conforme relatos;
Polícia Civil colheu depoimentos de 16 mulheres. Ministério Público já ouviu mais de 100, até o dia 28 de dezembro;
Em operações em endereços ligados a ele foram achadas armas, pedras preciosas e mais de R$ 1,6 milhão;
Justiça determinou o bloqueio de R$ 50 milhões das contas de João de Deus;
Casa Dom Inácio de Loyola segue funcionando, mas registrou queda de 50% no movimento.
Fonte - G 1
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