O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), determinou a abertura de um procedimento administrativo interno no tribunal para apurar o vazamento de informações sobre a quebra de sigilo de Mauro Cid, ajudante de ordens do presidente Jair Bolsonaro (PL). O magistrado cobra em sua decisão que o delegado do caso informe o nome de todos os agentes que tiveram conhecimento da apuração.
A decisão foi proferida ontem (27), um dia depois de reportagem da Folha de S.Paulo revelar que mensagens encontradas pela Polícia Federal no celular de Cid levantaram suspeitas a respeito das movimentações financeiras da família do presidente, em especial da primeira-dama, Michelle.
A quebra de sigilo bancário do assessor de Bolsonaro foi autorizada por Moraes a pedido dos investigadores. Segundo a reportagem da Folha, o material obtido pela Polícia Federal indica que dinheiro do gabinete presidencial foi movimentado para pagar contas pessoais do clã Bolsonaro e da primeira-dama.
Na avaliação de três integrantes da PF ouvidos sob reserva pela reportagem, investigações sobre vazamento de inquéritos costumam não encontrar culpados. Neste caso, vários servidores tiveram acesso ao inquérito em que aparecem dados sobre despesas do presidente. De acordo com a Folha, eram dois inquéritos diferentes — cada um possui uma equipe diferente.
Dentro da PF, há também a avaliação de que, ao mandar abrir apuração para achar a fonte do vazamento, Moraes se previne de futuros questionamentos.
Ontem, Bolsonaro criticou a revelação do caso e acusou Moraes de ter vazado as informações sobre o caso.
"Foi o Alexandre de Moraes que vazou, não vem culpar a PF não. Esse pessoal da PF, Alexandre de Moraes, come na tua mão. Então foi você que vazou. Vazou, para quê? Para, na reta final [das eleições], criar um clima", disse o presidente.
Ao instaurar uma apuração sobre o vazamento, Moraes determinou as seguintes diligências:
• Expedição de ofício ao delegado Fábio Alvarez Shor para que preste "as informações pertinentes" acerca do caso, as decisões proferidas na investigação e os relatórios produzidos do caso.
• Além disso, o ministro cobrou que o delegado "forneça os nomes de todos os policiais federais que tem conhecimento dos assuntos investigados" no caso.
• A juntada de informações relacionadas à comunicação com a PGR sobre as decisões no caso, incluindo a data de ciência das decisões e eventuais recursos interpostos.
O procedimento sobre o vazamento será conduzido pelo juiz Airton Vieira, do gabinete de Moraes.
Com informações do UOL
Comentários
Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião deste site.