Segundo fontes da investigação, entre os governadores à época da atuação da Abin paralela, estavam Camilo Santana, do PT, que governou o Ceará, e João Dória, de São Paulo.
"Arapongagem é crime, fere a constituição brasileira, impede o direito do cidadão e violenta a liberdade”, disse Doria.
Alvos do monitoramento ilegal, de acordo com investigadores, senadores membros da CPI da covid também reagiram.
Otto Alencar afirmou que espiões e marginais usaram a Abin na busca de elementos para atacar.
Já Rogério Carvalho ressaltou que denunciou, no plenário do Senado, que estava sendo vítima de espionagem e cobrou punições para que fatos dessa natureza não se repitam.
"Eu não tenho medo do que eles possam encontrar, a minha essência vocês viram na reunião ministerial: uma pessoa revoltada com o mecanismo e com as coisas erradas da república”, disse Weintraub.
Assim como o general Carlos Alberto dos Santos Cruz, Flávia Arruda, que também esteve á frente da Secretaria de Governo, era alvo do First Mile, de acordo com a apuração. A ministra disse, por meio de nota, que recebeu com surpresa e indignação a informação de que foi monitorada de forma ilegal e arbitrária.
Segundo as investigações, o monitoramento ilegal era comandado por Alexandre Ramagem, delegado da PF e ex-diretor da Abin. Mas o vereador Carlos Bolsonaro, filho do ex-presidente, é citado como centro do núcleo político do esquema. Os dois negam envolvimento.
A investigação ainda faz o cruzamento de dados para verificar todas as pessoas que foram espionadas.
A Polícia Federal informou que, não há, até o momento, informações conclusivas referentes a todos os titulares e usuários das linhas telefônicas monitoradas e que as investigações seguem em sigilo, sem data prevista para encerramento.
Ministros do governo Bolsonaro
Abraham Weintraub, da Educação;
Anderson Torres, da Justiça;
Flavia Arruda, da Secretaria de Governo;
Carlos Alberto dos Santos Cruz; antecessor de Flavia na Secretaria de Governo.
Deputados federais
Alexandre Frota;
Joice Hasselmann;
Kim Kataguiri.
Senadores integrantes da CPI da covid-19
Otto Alencar;
Rogério Carvalho;
Omar Aziz;
Humberto Costa;
Alessandro Vieira;
Renan Calheiros;
Simone Tebet;
Soraya Thronicke;
Randolfe Rodrigues.
Outros espionados, segundo a investigação da PF
O então governador de São Paulo João Dória, eleito com o apoio de Bolsonaro;
Camilo Santana, do PT, que governou o Ceará;
Os ministro do STF Luis Roberto Barroso, Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes;
O então presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia;
O ex-governador de São Paulo, Rodrigo Garcia;
O advogado Roberto Bertholdo.
O que é a Abin paralela?
Criada em 1995, a Abin tem como objetivo fornecer ao presidente da República e ministros informações estratégicas para o processo de decisão. Entretanto, a Operação Vigilância Aproximada da PF investiga uma "organização criminosa que se instalou na agência"
O órgão suspeita que a Abin foi usada durante o governo de Bolsonaro para monitorar ilegalmente várias autoridades. As investigações apontam que foram usadas ferramentas de geolocalização de celulares sem autorização judicial.
Segundo fontes da PF, o filho do ex-presidente Carlos Bolsonaro seria o idealizador da "Abin paralela", que teria entrado em vigor quando o órgão era chefiado por Alexandre Ramagem (PL-RJ).
Diretor-geral do órgão entre julho de 2019 e março de 2022 e atualmente deputado federal, Ramagem foi um dos alvos da fase anterior da operação, que ocorreu em 25 de janeiro.
Carlos teria designado missões ao diretor - como, por exemplo, provar uma suposta ligação dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes Alexandre Moraes com o Primeiro Comando da Capital (PCC).
Como a Abin monitorava autoridades paralelamente?
Segundo a PF, o monitoramento era feito usando ferramentas da agência para ações ilícitas, “produzindo informações para uso político e midiático. O objetivo seria a ”obtenção de proveitos pessoais e até mesmo para interferir em investigações da Polícia Federal".
Uma das ferramentas usadas era o software FirstMile, que permite a consulta de até 10 mil aparelhos de celular a cada 12 meses.
Em outubro, a PF afirmou que o sistema havia sido usado mais de 30 mil vezes, incluindo 2,2 mil usos relacionados a políticos, jornalistas, advogados e adversários do governo Bolsonaro.
Fonte - Portal da Band
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