Publicado em 17/01/2019 às 08:00, Atualizado em 16/01/2019 às 21:48
Além desses cinco casos, a denúncia cita relatos de mais oito mulheres.
A juíza Rosângela Rodrigues Santos, da comarca de Abadiânia, em Goiás, aceitou nova denúncia por crimes sexuais contra o médium João de Deus nesta quarta-feira (16).
Desta forma, ele se tornou réu pela segunda vez. No documento constam depoimentos de 13 vítimas, dos quais cinco não prescreveram e devem ser julgados. Preso há um mês após relatos do tipo virem à tona, ele sempre negou os crimes.
A denúncia foi oferecida pelo Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO) na terça-feira (15). No documento, o órgão pede nova prisão para o médium, por estupro de vulnerável e abuso sexual mediante fraude. As vítimas são quatro mulheres de Goiás e uma de São Paulo, e os crimes teriam ocorrido durante atendimentos espirituais realizados em Abadiânia.
Além desses cinco casos, a denúncia cita relatos de mais oito mulheres, moradoras do Distrito Federal, Santa Catarina, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Maranhão e Rio Grande do Sul. O médium, porém, não vai responder por esses casos, por eles já terem prescrito. Segundo o MP, eles foram incluídos por ajudarem a embasar a denúncia. Os crimes ocorreram entre 1990 e 2018.
Vítimas
O MP-GO explicou que as cinco vítimas dos crimes pelos quais João de Deus está sendo denunciado tinham entre 19 e 47 anos na época dos abusos. Estes casos ocorreram entre 2009 e julho de 2018.
“[São] Quatro de estupros de vulneráveis foram praticados em atendimentos individuais e o de violação sexual mediante fraude em atendimento coletivo”, declarou a promotora Gabriella Clementino.
Os promotores explicaram que, mesmo as cinco vítimas tendo mais de 14 anos na época dos crimes, cabe a denúncia por estupro de vulnerável, já que elas estavam impossibilitadas de reagir.
Uma dessas vítimas relatou ter sido abusada cerca de 20 vezes por João de Deus, entre 2009 e 2010. Ela registrou os crimes em um diário. Neste caso, como foram várias vezes, ele será denunciado por violação sexual mediante fraude com continuidade delitiva.
Investigação
Três promotores de Justiça colheram depoimento do médium sobre esses crimes na tarde de segunda-feira (14), no Núcleo de Custódia, no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, Região Metropolitana da capital, onde está detido. Ele negou e disse que não se lembra das mulheres.
A primeira denúncia do órgão contra João de Deus ocorreu no último dia 28 de dezembro. O médium foi denunciado por violação sexual mediante fraude e estupro de vulnerável. Neste caso, o Poder Judiciário já aceitou a denúncia e tornou o médium réu na última quarta-feira (9).
Processos contra João de Deus
Ação na Justiça: João de Deus já virou réu após denúncia do Ministério Público por violação sexual e estupro de vulnerável (o processo cita 4 vítimas);
Investigação: a Polícia Civil indiciou o médium por dois casos de violação sexual mediante fraude, sendo que um deles foi incluído na denúncia do MP. Em relação ao segundo indiciamento, o MP ainda não ofereceu denúncia;
Investigação: a polícia também indiciou João de Deus por posse ilegal de armas. O MP também deve analisar este caso e decidir se apresenta denúncia à Justiça.
Situação atual
Confira os fatos importantes do caso citados do mais recente para o mais antigo:
Juíza aceitou primeira denúncia contra João de Deus e ele se tornou réu por abusos sexuais no dia 9 de janeiro;
João de Deus teve R$ 50 milhões bloqueados em dinheiro e imóveis no dia 9 de janeiro;
O MP-GO recorreu, no TJ-GO, de decisão que determina prisão domiciliar de João de Deus por posse de arma, em 29 de dezembro. Ainda não há nova decisão.
Fonte - G1