Publicado em 29/08/2017 às 16:00, Atualizado em 29/08/2017 às 16:57
A Justiça de São Paulo afastou, a pedido do Ministério Público, o delegado Douglas Borguez, da Delegacia Sede de Bertioga, no litoral paulista. De acordo com as denúncias, ele beneficiava conhecidos em troca de favores e até deixou de prender um amigo e marcar um churrasco com participação do homem procurado pela Justiça.
Borguez foi afastado do cargo há cerca de duas semanas, mas a investigação começou em agosto de 2016. Por meio de interceptação telefônica, o Ministério Público conseguiu identificar pelo menos 23 atos de improbidade administrativa com violação dos princípios da legalidade e da função.
Além disso, o delegado também é alvo de um processo criminal, que corre em segredo de justiça. Segundo a promotoria, o celular de Borguez foi apreendido e mais provas surgiram a partir de troca de mensagens no aplicativo WhatsApp.
"Ele transformou a delegacia em um balcão de negócios", afirma o promotor Thiago Alcocer Marin, responsável pelo caso, em entrevista ao UOL. "A pedido de amigos e conhecidos, ele acelerava alguns processos enquanto atrasava outros."
De acordo com o promotor, as ajudas aconteciam geralmente com troca de favores, como financiamento de uma campanha política da qual o pai de Borguez era responsável.
Borguez também é acusado de não prender um amigo pessoal e forjar os motivos. "Vimos mensagens de que ele não só não prenderia o amigo como combinou com o advogado dele o que fazer para ele não ser preso", conta Marin. "Ele deu uma declaração pública de que havia procurado o sujeito e não conseguiu encontrá-lo em seus endereços, mas isso não existiu."
Depois, relata o promotor, Borguez conseguiu entrar em contato com um conhecido desse amigo que deveria ser preso e teria marcado um churrasco.
Além do afastamento das funções, o MP pediu o bloqueio de bens em até R$ 1 milhão, valor total da multa, também concedido pela Justiça.
Para o advogado de defesa, Armando Mattos Junior, a ação da promotoria e da Justiça foi antecipada. "Ele não teve o direito nem de se manifestar", argumenta, em entrevista ao UOL. "Eles tinham de deixar fluir os autos."
Mattos diz que vai recorrer do processo administrativo para que Borguez retorne à função e que irá aguardar o processo criminal. "Do nada, ele pode ter seu nome jogado no lixo", afirma. "Alguém que tantos serviços já prestou à comunidade."
Já Marin afirma que a Justiça acertou. "A prova material é farta e contundente contra ele."
Por meio de nota enviada ao UOL, a Corregedoria da Polícia Civil e a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo dizem acompanhar a tramitação judicial.