A Polícia Federal anunciou que os corpos descobertos em um barco à deriva na costa paraense, há uma semana, serão temporariamente sepultados em Belém enquanto as investigações continuam em andamento para identificar as nove vítimas.
"Serão temporariamente sepultados em Belém, até que as identidades tenham sido estabelecidas e as famílias das vítimas possam ser formalmente comunicadas, adotando-se os devidos canais de cooperação policial e jurídica internacionais", informou a PF.
A embarcação, encontrada no litoral nordeste do Pará, em Bragança, continha inicialmente nove corpos, mas a investigação sugere que pode haver mais vítimas, dado o número de pertences pessoais e indícios encontrados, incluindo 25 capas de chuva idênticas e 27 celulares.
As autoridades estão conduzindo uma investigação minuciosa, contando com o auxílio de papiloscopistas do Núcleo de Identificação da PF, para identificar os corpos e determinar as circunstâncias do incidente. O barco e seus pertences foram transportados para Belém para continuar os trabalhos de análise.
Documentos e objetos encontrados indicam que as vítimas podem ser migrantes da Mauritânia e Mali, na África, mas não descartam a possibilidade de outras nacionalidades estarem envolvidas. As investigações sugerem que o grupo estava tentando chegar às Ilhas Canárias, conhecidas como rota migratória para o contrabando ilegal de imigrantes.
A suspeita é que correntes marítimas tenham desviado a embarcação de sua rota planejada. A Marinha informou que o barco, feito de fibra de vidro e aparentemente artesanal, foi encontrado sem leme, motores ou outros meios de condução.
Pescadores que encontraram o barco alertaram as autoridades após descobrirem corpos em estado avançado de decomposição a bordo. A Polícia Federal relatou que oito corpos estavam dentro da embarcação, enquanto um foi encontrado próximo, indicando que fazia parte do mesmo grupo de vítimas.
A Polícia Federal coletou materiais para exames de DNA, realizou exames radiológicos, da arcada dentária e examinou vestes, pertences, documentos e adereços.
A data e detalhes sobre o sepultamento temporário não foram divulgados pela PF, que está empenhada em estabelecer a identidade das vítimas o mais rápido possível. No entanto, devido à complexidade da questão humanitária da migração de pessoas dos países africanos e à falta de dados estruturados, não há previsão para a identificação.
Os dados e itens periciados foram enviados para Brasília, onde o Instituto Nacional de Criminalística e o Instituto Nacional de Identificação da Polícia Federal, com apoio da Interpol e outros órgãos, continuarão a identificação das vítimas. Enquanto isso, os itens periciados em Belém, como as capas de chuva, permanecerão na sede da Polícia Federal na capital paraense, onde as investigações continuam.
O barco está sob análise na base Naval Val de Cans, da Marinha em Belém, enquanto técnicos da Capitania dos Portos da Amazônia Oriental (CPAOR) buscam evidências que esclareçam as causas do acidente. O inquérito aberto pela Capitania dos Portos também visa confirmar se a origem da embarcação é do continente africano.
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