O juiz Marcelo Bretas aceitou nesta sexta-feira (15) a denúncia contra o ex-governador Sérgio Cabral (MDB) e 61 doleiros e operadores financeiros. A ação penal agora aberta é um desdobramento da Operação Câmbio, Desligo, deflagrada no mês passado.
A investigação levou à prisão dezenas de doleiros. O principal deles, Dario Messer, continua foragido, após ser delatado por seus dois funcionários, Vinicius Claret e Cláudio Barbosa. Cinco acusados estão detidos no exterior e nove ainda são procurados.
Os colaboradores detalharam em delação premiada como funcionava um sistema que reunia doleiros de todo o país que movimentou cerca de US$ 1,6 bilhão (o equivalente a cerca de R$ 5,3 bilhões) envolvendo mais de 3.000 offshores em 52 países.
Em sua decisão, o magistrado afirma que "os esquemas de compra e venda de dólares relatados pelos colaboradores estão inseridos no contexto da organização criminosa chefiada por Sérgio Cabral".
Entre os doleiros que operavam com os funcionários de Messer estão Renato e Marcelo Chebar, apontados como laranjas de Cabral.
"Assim, não é desarrazoado afirmar que há uma extensão da organização criminosa, uma vez que os agentes públicos e empresários se utilizavam dos mesmos esquemas de dissimulação de capital", afirma o juiz na decisão.
"Da mesma forma, não parece demasiado supor que, pelos relatos trazidos aos autos, o que se veicula como sendo a Orcrim [organização criminosa] do Sérgio Cabral (referência à posição de destaque que se imputa ao ex-governador do Rio de Janeiro) é na verdade uma Orcrim com maior abrangência, uma vez que há várias pessoas operacionalizando, em tese, lavagem de dinheiro de modo transnacional", escreve Bretas.
Ao apontar o vínculo com o caso Cabral, Bretas mantém o processo em suas mãos. O Código de Processo Penal prevê o envio para um mesmo juiz ações com fatos conexos --a chamada prevenção, no jargão jurídico.
O ex-governador é o único cliente final descrito na denúncia. Os demais acusados são operadores cujos clientes, se descobertos, dão o "potencial explosivo" conferido à investigação pelo procurador Eduardo El Hage, coordenador da Lava Jato no Rio. Serão os próximos passos da investigação.
Fonte - Folhapress
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