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20/01/2024 às 16:33, Atualizado em 20/01/2024 às 15:05

Associação Yanomami diz que governo não dialogou com indígenas e teve ações frustradas

Nota pública foi divulgada nesta sábado, 20, data que marca 1 ano do decreto de emergência sanitária editado pelo presidente Lula (PT)

A Hutukara Associação Yanomami, uma das mais representativa do povo Yanomami, divulgou uma nota pública considerando “falhas” as ações do governo Lula (PT) junto aos indígenas e reclamando da falta de diálogo. O documento foi divulgado neste sábado, 20, data que marca um ano do decreto editado pelo presidente Lula (PT) para adotar medidas emergenciais sobre a crise humanitária dos Yanomamis.

“O governo federal não dialogou com as lideranças para saber qual melhor plano a ser trabalhado para salvar o nosso povo dessa tragédia, por isso as ações do primeiro ano foram frustradas”, diz a nota.

Na segunda, 15, em entrevista à coluna, o vice-presidente da associação, Dário Kopenawa, disse que a nova proposta do governo de criar uma Casa de Governo ao custo de R$ 1,2 bilhão não vai resolver a morte, a desnutrição, casos de malária e demais problemas da população Yanomami.

A nota da associação deste sábado rebate o posicionamento que a Casa Civil havia dado à coluna em relação às críticas de Dário Kopenawa.

Ao Terra, a Casa Civil havia dito, na segunda, 16, que “o diálogo com todos os setores da sociedade é valor inegociável para o Governo Federal e não seria diferente neste momento em que todos os esforços são empenhados para sanar a crise que afeta os povos yanomami”.

Segundo a Casa Civil, as associações indígenas “tiveram oportunidade de apresentar suas manifestações no Fórum de Lideranças da Terra Indígena Yanomami, realizado no mês de julho de 2023, em que o governo esteve presente e tem utilizado como instrumento balizador dos planos elaborados no território”.

A associação Hutukara rebateu a posição da Casa Civil.

“A HAY [Hutukara Associação Yanomami] vem esclarecer que em nenhum momento durante a realização do Fórum de Lideranças Yanomami e Ye’kwana, ocorrido em julho do ano passado, na região de Maturacá, houve alguma pactuação entre as lideranças e o governo federal sobre qualquer tipo de Plano de Ações direcionado a crise humanitária na TIY e as lideranças somente tomaram conhecimento da existência dessa nova ação de estrutura permanente em Roraima para coordenar as ações e serviços públicos direcionados a nós, povos da Terra Yanomami, por meio da imprensa”.

Na nota, a Hutukara reclama da falta de apoio para conseguir autorização para sobrevoos na Terra Indígena Yanomami. Ainda critica falas feitas nesta semana pela ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, sobre a dificuldade de combater a crise.

Crise humanitária

Um grupo de ministros esteve na terra Yanomami há duas semanas por determinação do presidente Lula. Estiveram na comitiva os ministros dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida; do Meio Ambiente e Mudança Climática, Marina Silva; e dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara. Eles desembarcaram em Boa Vista e seguiram para Auaris, no território demarcado. Após a visita, um deles relatou à coluna que a situação dos indígenas está "muito ruim", ainda que tenha melhorado em relação ao ano passado.

Segundo dados do Ministério da Saúde, no ano passado foram notificadas 308 mortes no território. O número é cerca de 10% menor do que em 2022, sob gestão de Jair Bolsonaro (PL), quando foram registrados 343 óbitos.

Com informações do Portal Terra

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