Publicado em 03/11/2016 às 06:47, Atualizado em 02/11/2016 às 23:35
O envelhecimento da população também aumenta a proporção de idosos no mercado de trabalho.
Aposentar-se no Brasil não significa parar de trabalhar. Entre os idosos com 60 anos ou mais, 51,6% dos homens aposentados e 55,5% das mulheres aposentadas seguem na ativa.
Em média, os homens trabalham por mais quatro anos após a aposentadoria e as mulheres por mais dois anos, explica a economista Ana Amélia Camarano, organizadora do livro "Política Nacional do Idoso, velhas e novas questões", lançado neste mês pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).
O principal motivo para o aposentado continuar na ativa é a necessidade de complementar a renda. Para 47% dos aposentados que trabalham, o benefício do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) não é suficiente para pagar as contas.
Em parte isso é explicado pelo fator previdenciário, que corta cerca de 40% do benefício de quem se aposenta mais cedo. A medida foi incapaz de adiar a idade média da aposentadoria como esperava o governo, diz o pesquisador Jorge Felix. O trabalhador aceitou receber esse desconto no benefício para poder se aposentar.
O envelhecimento da população também aumenta a proporção de idosos no mercado de trabalho. A combinação da redução na renda como aumento na expectativa de vida após a aposentadoria força os aposentados a se manterem na ativa, avalia a economista Juliana Inhasz.
SEM GARANTIAS
O idoso aposentado é devolvido ao mercado em situação trabalhista precária, avaliam os especialistas.
A precariedade do trabalho se dá formalmente quando o aposentado aceita um salário mais baixo para complementar a renda, ou informalmente, no trabalho por conta própria, diz Jorge Felix.
"Muitos não voltarão a contribuir com o INSS", afirma Ana Amélia Caramano. Para ela, a adoção da idade mínima na aposentadoria é necessária, mas não pode ser feita sem políticas conjuntas para vencer o preconceito contra o idoso e sua inserção no mercado de trabalho.
Já Felix avalia que uma legislação eficiente deve focar o estímulo à empregabilidade de trabalhadores com mais de 55 anos e não em uma idade mínima. (Com informações da Folha de São Paulo).