Publicado em 13/05/2019 às 06:30, Atualizado em 12/05/2019 às 16:27
O documento do Ministério Público Militar cita laudos que apontam terem sido disparados 257 tiros de fuzil e de pistola.
A juíza federal substituta da Justiça Militar Mariana Queiroz Aquino aceitou, neste sábado, dia 11 de maio, a denúncia do Ministério Público Militar, e os 12 militares do Exército viraram réus no caso do carro atingido por dezenas de tiros em Guadalupe, no Rio de Janeiro. Na ação, um músico e um catador foram mortos. Os militares vão responder por homicídio qualificado, tentativa de homicídio qualificada e omissão de socorro.
Na sexta-feira (10), o Ministério Público Militar denunciou os doze homens pelas mortes do músico Evaldo Rosa dos Santos e do catador Luciano Macedo, no dia 7 de abril. Os dois foram baleados pelos militares, que alegam terem confundido o carro com o de assaltantes.
O documento do Ministério Público Militar cita laudos que apontam terem sido disparados 257 tiros de fuzil e de pistola. O carro em que estava o músico, que morreu na hora, foi atingido por 62 disparos. O sogro dele, Sérgio Gonçalves de Araújo, ficou ferido na ação. A mulher de Evaldo, o filho do casal e uma amiga deles também estavam no veículo e não se feriram.
O catador Luciano Macedo foi baleado quando tentava ajudar Evaldo Santos, que teve o carro atingido pelos tiros quando seguia com a família para um chá de bebê. Ele estava internado desde o dia do crime e morreu no hospital no dia 18 de abril.
Militares denunciados:
Italo da Silva Nunes
Fabio Henrique Souza
Paulo Henrique Araújo
Leonardo Oliveira de Souza
Wilian Patrick Pinto
Gabriel Christian Honorato
Matheus Sant'Anna Claudino
Marlon Conceição da Silva
João Lucas da Costa
Gabriel da Silva de Barros
Vitor Borges de Oliveira
Leonardo Delfino Costa
Prisão
Dos 12 denunciados, nove estão presos desde o dia 7 de abril, quando aconteceu o crime. Eles aguardam a investigação detidos em uma unidade militar. A defesa dos militares entrou com um pedido de liminar no Superior Tribunal Militar (STM) para acompanharem em liberdade a investigação.
Os outros três militares, que não estão presos, estavam aguardando a decisão da Justiça sobre a denúncia em liberdade. Destes três militares, dois dirigiam as duas viaturas militares que estavam no local onde Evaldo Rosa morreu.
De acordo com depoimentos dos militares, os dois motoristas não atiraram. Também não atirou o soldado Leonardo Delfino, segundo declarações prestadas à Justiça.
Um parecer do subprocurador do Ministério Público Militar Carlos Frederico sugeriu que os militares aguardassem, em liberdade, o desenrolar do processo. O relator do caso, o general do Exército Lúcio Mário de Barros Góes, disse que a prisão dos envolvidos não pode ser utilizada de forma a antecipar eventual pena aplicada aos militares, sob pena de se ferir o princípio da presunção de inocência.
O Comando Militar do Leste disse que não vai se pronunciar sobre o assunto. Em nota, o advogado Paulo Henrique de Melo, que defende os militares, disse que considera a denúncia "prematura".
"A defesa entende que a denúncia é prematura e que a instrução processual vai demonstrar que os agora réus agiram nos termos da lei, em defesa de terceiros e em decorrência de injusta agressão. Importante frisar que a denúncia está lastreada em 'provas' produzidas unilateralmente, sem contraditório. A defesa confia na Justiça e aguardará o desenrolar do processo e das provas a serem produzidas em juízo."
Fonte - G 1