Daqui a menos de dois meses, Jair Bolsonaro (PL) deixará a Presidência, voltará a habitar o mundo dos reles mortais e perderá o foro privilegiado, uma prerrogativa que durante anos lhe permitiu fazer e declarar os maiores absurdos sob o selo protetor da imunidade.
Isso significa que em menos de dois meses ele poderá responder na Justiça comum pelos crimes dos quais foi acusado quando ainda habitava o Olimpo, como presidente e como deputado.
Ele sabe disso. E Augusto Aras, procurador-geral da República escolhido a dedo, longe da lista tríplice do Ministério Público Federal, também.
Nesta semana, a PGR decidiu correr contra o tempo e pediu o arquivamento das investigações para apurar as responsabilidades do (ainda) presidente e equipe durante a pandemia.
As investigações foram abertas com base no relatório final da CPI da Covid, que em novembro de 2021 acusou Bolsonaro de disseminar informações falsas sobre uso de máscaras, isolamento social e lockdown, colocar em dúvida a eficácia da vacina e de fazer charlatanismo ao vender como salvação um conjunto de medicamentos ineficazes.
Mas, para a Procuradoria Geral da República, tudo o que Bolsonaro fez foi “dentro dos limites da liberdade de manifestação de pensamento e política e sem qualquer conteúdo alusivo à prática de crimes”.
Talvez os responsáveis pelo pedido de arquivamento não saibam, mas o mesmo presidente já divulgou em canal oficial a associação criminosa entre vacina e contaminação pelo vírus da Aids. Tudo dentro da liberdade de manifestação de pensamento, claro. Pensamento criminoso, no caso.
Até o momento, 688 mil pessoas morreram contaminadas pelo coronavírus no país.
É pouco ou a PGR quer mais?
Quase ao mesmo tempo, a Procuradoria voltou a pedir ao ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes o arquivamento de outro inquérito que pode causar dor de cabeça ao futuro ex-presidente a partir de 2023: inquérito que acusa o presidente de interferir na autonomia da Polícia Federal para proteger seus filhos e aliados de eventuais encrencas com a lei.
A denúncia foi desenhada pelo ex-juiz Sergio Moro em sua saída do Ministério da Justiça.
Mas, antes mesmo da manifestação da Procuradoria, o ex-inimigo declarado voltou atrás. Ele precisava se eleger para o Senado e sabia que não teria muita chance de vingar na fresta diminuta entre os paredões do petismo e do bolsonarismo e resolveu fazer as pazes com o antigo chefe.
Com informações do Portal Yahoo
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