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22/04/2022 às 08:01, Atualizado em 21/04/2022 às 18:59

Intervenção causa reviravolta no PDT, que pode se juntar a Marquinhos Trad

Pedetistas de décadas disseram que partido nacional “vendeu a sigla” e não aceitam aproximação com ex-prefeito

Até há uns 15 dias, o PDT de Mato Grosso do Sul vivia em uma espécie de céu de brigadeiro. Bastou sua principal estrela, já há três décadas, deixar a legenda, o deputado federal Dagoberto Nogueira, e o céu dos pedetistas escureceu com a eclosão de nuvens pesadas.

Repentinamente, da noite para o dia, o PDT sul-mato-grossense pode mudar seu rumo na disputa pelo governo estadual nas eleições de outubro e apoiar o PSD do pré-candidato Marquinhos Trad, ex-prefeito de Campo Grande.

Dagoberto saiu do PDT, o qual presidia regionalmente, e assinou ficha no PSDB, por onde vai concorrer à reeleição.

Na saída, ficou acertado que o PDT ia apoiar os tucanos na corrida pela sucessão do governador Reinaldo Azambuja.

Sem Dagoberto, o PDT regional resolveu tocar o barco com uma direção provisória, conduzida pelo decano João Leite Schmidt, até então presidente de honra do partido, Antônio Carlos Biffi, ex-deputado federal, e Marcos Cesar Malaquias Tabosa, o Tabosa, vereador em Campo Grande.

Com essa comissão, o PDT poderia ser comandado regionalmente na direção da pré-candidatura de Eduardo Riedel (PSDB) sem a intromissão da diretoria nacional, ao menos por enquanto.

Nesta semana, contudo, o PDT nacional anunciou a intervenção depois que veio a público a informação de que Riedel terá Jair Bolsonaro (PL) em seu palanque.

Na quata à tarde, um novo comunicado do PDT pôs o partido da esfera regional em alerta.

É que na nova direção surgiram nomes que não agradaram os pedetistas daqui.

Pela nova composição, um dos que devem mandar no PDT de MS é Marcelo de Oliveira Panella, que é tesoureiro nacional da sigla.

Além dele, outros dois nomes indicados, para a surpresa dos pedetistas, têm ligação com o ex-prefeito Marquinhos Trad. O advogado José Belga Trad, que filiou-se ao partido neste ano, primo de Marquinhos, e Alelis Izabel de Oliveira Gomes, que é secretária municipal da Educação, também ligada à família Trad.

Isso significa que estão fora da comissão provisória João Leite Schimit e Antônio Carlos Biffi, os dois que dividiram o comando provisório do partido.

Ainda segundo os pedetistas ouvidos pela reportagem, que não quiseram ver os nomes publicados por acreditarem que isso “geraria mais problemas”, se isso ocorrer – a parceria do PSD com do PDT na disputa pelo governo –, a militância pedetista deverá lançar um “duro protesto” contra a eventual aliança.

Mais protestos

Para os pedetistas contrários a Marquinhos, “o PDT Nacional vendeu a sigla para Marquinhos Trad”.

Eles disseram que, “no início desta semana, o PDT nacional anunciou uma intervenção no partido em MS.

Sem diálogo, construção e de forma equivocada, destituíram a atual comissão provisória, que vinha tocando a chapa de deputados estaduais e a campanha de Ciro Gomes”.

Afirmaram ainda que “as atuais comissões têm nomes ligados aos Trad que nunca foram aliados do partido: William Rodrigues Dantas, Ângela Cristina Casal Regasso, Alelis Izabel de Oliveira Gomes [secretária municipal de Educação], Carlos Eduardo Gomes da Silva, José Belga Assis Trad, Yasmim Karolina Jahel e Marcelo de Oliveira Panella [tesoureiro nacional]”.

No fim da conversa com a reportagem, mais protestos: “A militância partidária em Mato Grosso do Sul afirma que não aceitará um absurdo desses, vindo de cima para baixo, sem construção conjunta, ainda mais com quem nunca dialogou com o partido e construiu o trabalhismo em MS.

Além disso, a base alega que é absurdo, haja vista que não houve congresso para definição e Marquinhos Trad não representa em nada o projeto do PDT”.

O que diz Belga Trad

No início da noite de ontem, Belga confirmou ter sido nomeado na composição da diretoria regional do PDT de MS.

“Sobre ser candidato, não tenho essa pretensão, mas estou à disposição do partido”, afirmou o pedetista.

Quanto ao eventual apoio do PDT ao primo Marquinhos, do PSD, Belga disse que “a orientação de apoio será definida com a nacional”.

Tabosa

Opositor ferrenho do ex-prefeito Marquinhos Trad, o vereador Marcos Tabosa disse que se pronunciará sobre o assunto na sessão da Câmara do dia 28.

Mas adiantou sua opinião: “É impossível eu apoiar o Marquinhos”, afirmou.

Com informações do Correio do Estado

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