Publicado em 04/07/2012 às 08:37, Atualizado em 27/07/2016 às 11:24

Denúncia contra Delcídio é gravíssima e ele tem que provar que não trai o PT, diz Zeca

Nova Notícias - Todo mundo lê

Redação, Midiamax

Indignado, o ex-governador Zeca do PT cobrou, nesta terça-feira (3), apuração rigorosa de denúncia de traição do senador Delcídio do Amaral para derrotar o PT e seus aliados em Mato Grosso do Sul. Segundo o ex-suplente do senador, Antonio João Hugo Rodrigues (PSD), Delcídio e o deputado federal Antônio Carlos Biffi (PT), participaram de reunião secreta com o governador André Puccinelli (PMDB) para bolar estratégia a fim de enfraquecer o PT nas eleições municipais.

A denúncia veio à tona na edição desta terça-feira (3) do jornal Correio do Estado e o ex-governador confirmou ao Midiamax a suspeita de traição. “Há sinalizações de que a denúncia confere e eu tinha, por outro caminho, informações de que de fato essa reunião aconteceu”, disse Zeca.

Ele, inclusive, deu detalhes do dia e de quem participou do suposto encontro. “Foi numa segunda-feira, que teve evento grande aqui em Campo Grande na Acrissul contra o monopólio da carne, que vieram várias figuras da política. A denúncia que eu tive que, antes de ir para a Acrissul, se reuniram às escondidas o senador Delcídio, o deputado Biffi, o Osmar Geronymo, chefe da Casa Civil, e o governador André Puccinelli para montar essa conspiração de derrotar o PT e seus aliados”, acrescentou.

Para piorar a situação, Zeca disse que percebeu atitudes suspeitas de Delcídio no período das articulações de coligação. Segundo ele, o correligionário tentou “na marra impor aliança” com os principais rivais do PT no Estado. Como exemplo, citou as tratativas em Três Lagoas e Sidrolândia.

“Fecharam entendimento com o Ângelo Guerreiro (PSD) em Três Lagoas e me estranhou que na última semana, ao fechar as cortinas da pré-campanha, apareceu lá exatamente as pessoas vinculadas aos dois (Delcídio e Biffi) propondo uma mudança de rumo para levar o PT a desfazer o acordo político com o Guerreiro para fechar aliança com a Márcia (atual prefeita pelo PMDB), representante dos interesses da Simone (Tebet) e do André em Três Lagoas”, relatou Zeca. “Isso foi o fim da picada”, completou.

Ainda de acordo com o ex-governador, em outros municípios a atitude suspeita se repetiu. “Em outras cidades também percebi a tentativa de na marra impor aliança com os nossos adversários. Em Sidrolândia, por exemplo, com muita dificuldade conseguimos uma aliança que não seja com o nosso principal adversário em 2014, que é o PSDB, como o senador queria”, emendou. “Enfim, são vários os sinais claros de que isso de fato pode estar acontecendo”, concluiu.

Diante da suspeita e dos indícios fortes de que a traição ocorreu, Zeca cobrou explicações de Delcídio e de Biffi e uma atitude do Diretório Regional do PT. “Estou extremamente preocupado, acho que é uma coisa séria, muito séria, por isso, exige urgentemente uma manifestação do senador e do deputado”, cobrou. “Merece também um posicionamento do diretório do PT, no mínimo dando conhecimento ao PT nacional”, completou.

Biffi nega reunião e Delcídio não é localizado

Indagado sobre a denúncia de traição, o deputado Antônio Carlos Biffi negou a reunião com o governador e atacou Antonio João, que tornou pública a suspeita. “Essa reunião nunca existiu”, assegurou. Ele, no entanto admitiu manter diálogo constante com os peemedebistas. “Agora, conversar com o PMDB é normal, assim como conversamos com outros partidos. Em todo o Estado temos 15 cidades com aliança com o PMDB”, disse.

O deputado ainda tentou mudar o foco da discussão, atacando o presidente regional do PSD. “Depois da encenação dele (Antonio João), passeando com o PT pelo Estado e agora indo pra aliança com PMDB mostra a credibilidade que ele tem. O que está querendo é polemizar, pois pregou o tempo todo que era oposição, mas agora está tentando atingir todo mundo, na tentativa de se limpar, atirando a lama dele nos outros”, acusou.

Procurado pela reportagem, Delcídio não deu retorno até o fechamento da matéria. Sua secretária, em Brasília, disse que talvez à tarde ele poderia falar, após reunião com a bancada federal. Seu assessor, em Campo Grande, informou que ele respondeu, via Twitter, as acusações.

Na página social, o senador se limitou a dizer que “dessa vez, AJ, você errou, e feio! Não se preocupe, meu velho, o PSD é maior que você!!!!!”. Em seguida, jogou a responsabilidade do caso à direção regional. “Quanto a unidade e as alianças do PT, ninguém melhor que a direção estadual para lhe responder”, finalizou.

Briga antiga

A troca de acusação de traição entre os petistas se arrasta desde as eleições de 2006. Depois de ter virado senador com o apoio de Zeca, Delcídio concorreu ao Governo do Estado e saiu indignado do pleito por supostamente não ter recebido ajuda do correligionário na campanha.

Quatro anos depois, foi a vez de Zeca não ver o correligionário “entrar de cabeça” no enfrentamento contra Puccinelli. Em 2010, Delcídio foi visto participando de carreatas em favor da eleição do atual deputado federal Edson Giroto (PMDB) e do senador Waldemir Moka (PMDB).

Dagoberto Nogueira (PDT), companheiro de chapa do senador, inclusive, rompeu com o PT em resposta à “dobradinha” de Delcídio com Moka. Passado o calor do debate eleitoral, o ex-governador e o senador selaram acordo de paz em favor do retorno do PT ao comando do Governo do Estado em 2014.

“Eu procurei o senador, disse que seria parceiro, cabo eleitoral em 2014, viajando pelo Estado, preparando o PT para um resultado positivo em 2012, de olho em 2014, mas que confiança nós temos agora, diante de tudo isso”, comentou Zeca.