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04/02/2017 às 08:01, Atualizado em 03/02/2017 às 21:32

Promotor vai recorrer da soltura de PRF e insiste em fraude processual

MPE questiona abordagem porque Ricardo Moon não estava fardado.

O promotor Eduardo José Rizkallah informou nesta sexta-feira, dia 03, que vai recorrer da decisão que soltou o policial rodoviário federal Ricardo Hyun Su Moon, 47 anos, acusado de matar o empresário Adriano Correia do Nascimento, em 31 de dezembro de 2016. Ele ainda feriu duas pessoas e o crime aconteceu em Campo Grande.

Moon está em liberdade provisória desde quarta-feira (1º) e é monitorado por tornozeleira eletrônica. Na quinta-feira (2), ele começou a trabalhar no setor de informática da Polícia Rodoviária Federal e está com o direito de portar arma de fogo suspenso, após decisão do juiz da 1ª Vara do Tribunal do Júri, Carlos Alberto Garcete de Almeida.

“(Vou) Recorrer não só da soltura, mas tem várias questões naquele despacho que necessita recurso. A questão da fraude processual, que o juiz rejeitou", afirmou o promotor.

Ele explicou que entende que houve tentativa de "maquiar" a cena do crime e induzir a investigação ao erro porque o PRF trocou de roupa e não foi preso em flagrante.

“Quando o policial que deveria ter sido detido em flagrante e não foi. Acabou aparecendo horas depois, com a farda completa. E você vê os policiais falando com ele como se ele estivesse fardado na hora da abordagem. Isso é fraude, é uma inovação no estado das coisas conforme artigo 347 do Código Penal, que é inovar no estado de objeto qualquer coisa na cena do crime com objetivo de enganar o juiz, perito ou jurado”, pontuou o promotor.

Rizkallah referiu-se ao fato de que Moon teve tempo de colocar a farda completa de PRF. Quando atirou contra Adriano e outras duas pessoas, ele estava apenas com a calça de policial. Toda essa cena foi filmada por testemunhas.

“Uma coisa é você fazer a abordagem à paisana e outra coisa de farda. A diferença fundamental é que, num caso a vítima está vendo que é um policial, em outro a vítima pode ter dúvidas se é mesmo um policial”, acrescentou o representante do Ministério Público Estadual.

O promotor ainda informou que o PRF não apresentou documento que comprovasse que ele era da corporação. No carro do atirador, foi encontrado um papel sulfite dobrado que seria o termo de posse dele na instituição, explicou a acusação.

Ricardo Moon é levado para colocação de tornozeleira eletrônica. Foto: Valdenir Rezende/Correio do Estado

MONITORADO

O novo ambiente de trabalho de Moon é no prédio da superintendência da PRF, que fica na Rua Antônio Maria Coelho, no Jardim dos Estados. O horário de expediente que ele cumprirá será o mesmo dos demais funcionários, das 7h30min às 17h30min, com intervalo de duas horas de almoço.

Desde que saiu da cadeia, Moon é rastreado por tornozeleira e o prazo determinado pelo juiz da 1ª Vara do Tribunal do Júri para esse tipo de monitoramento é de seis meses.

ADMINISTRATIVO

O policial rodoviário federal responde a processo por homicídio pela morte do empresário Adriano Correia do Nascimento, em 31 de dezembro do ano passado, e dupla tentativa de homicídio por causa de dois passageiros que estavam na caminhonete de Adriano.

Paralelo à Justiça, o policial responde a processo administrativo que foi aberto na corregedoria da PRF. A atual fase desse procedimento é de instrução e serão feitas oitivas. Conforme a assessoria de imprensa da Polícia Rodoviária Federal não é descartada a coleta de testemunho das vítimas que sobreviveram aos disparos.

Foi informado que não há prazo específico para a conclusão dessa apuração, que pode resultar na expulsão de Ricardo Moon da instituição.

Fonte - Correio do Estado

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