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26/02/2022 às 16:02, Atualizado em 26/02/2022 às 12:19

Morte de Paulinha Abelha alerta para risco de emagrecedores

Especialistas explicam prejuízos das substâncias e relação com a ditadura da beleza

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Foto - reprodução Instagram

A morte da cantora Paulinha Abelha, aos 48 anos, chama a atenção não só pela perda da artista, mas pelo falta de uma causa específica para seu quadro. Apesar de o atestado de óbito apontar "comprometimento multissistêmico" como causa da morte, em coletiva de imprensa foi revelado que a investigação do quadro da vocalista apontava para três hipóteses: uma doença autoimune não identificada, síndrome de Haff ou intoxicação hepática gerada por medicamentos para perder peso. A cantora tomava uma fórmula receitada por um nutrólogo.

Para o doutor Henrique Perobelli, mestre em Ciências da Saúde e gastro e proctologista na Rede de Hospitais São Camilo, apenas a própria investigação médica poderá afirmar qual é a hipótese correta. Todavia, é inegável que os sintomas de Paulinha Abelha, como enjoo, vômito e inflamação no fígado, se assemelham aos de quem enfrenta problemas hepáticos associados à ingestão de inibidores de apetite e queimadores de gordura.

“O fígado é um órgão que depura todas as proteínas ingeridas pelo organismo. Se você ingere constantemente um medicamento hepatotóxico, você pode estar causando uma sobrecarga nele, seguida de lesão hepática e, por último, uma insuficiência hepática. Neste caso, o paciente pode até morrer de insuficiência múltipla dos órgãos”, aponta Perobelli.

Pressão estética

Segundo o médico, os motivos para uso deste tipo de medicamento não devem envolver estética. Muito pelo contrário, devem ser embasados através de avaliação endocrinológica e fatores de risco à saúde, como obesidade, hipertensão, síndrome metabólica, entre outras enfermidades.

“Uma pessoa que é magra, no caso, não deve procurar um especialista para tomar esse remédio”, comenta o médico.

Independente dos fatores de saúde ou estéticos que levaram Paulinha Abelha a se submeter a um tratamento como esse, para Jéssica Souza, psicóloga clínica, é importante dar um olhar social ao caso. Em sua avaliação, é preciso levar em consideração as pressões estéticas sobre o corpo feminino e que se trata de uma mulher artista, cujo corpo e imagem eram seu portfólio.

“No caso dela, há, sim, uma suscetibilidade maior a estas pressões estéticas. Como ela era famosa, se torna alvo fácil de críticas, assim como seu corpo. Além disso, querendo ou não, ela fazia parte de um grupo que as vestimentas evidenciam a sensualidade”, pondera.

Os riscos de ceder às pressões estéticas, segundo a profissional, vão muito além dos prejuízos físicos. Existe, inclusive, a possibilidade de desenvolver distúrbio de distorção de imagem. Ou seja, quanto mais a pessoa se olhar no espelho, mais ela achará que há algo a ser mudado.

“Quando a pessoa faz pequenas mudanças no corpo, ela pode desenvolver isso. Em algumas pessoas é como se fosse uma droga. De fato, podemos ver aí exemplos como Ken Humano, a Barbie Humana. São pessoas que fizeram mudanças no corpo e não conseguiram parar”, explica Souza.

Com informações do Portal Terra

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