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22/06/2017 às 17:39, Atualizado em 22/06/2017 às 21:41

ARTIGO: As Aventuras de Elizabeth, por Felipe Pereira

A história que eu vou contar não é apenas mais uma história de amor. Como aqueles clichês de livros de romance. Ok! Talvez seja um pouco. Está bem. Essa história é mais uma de clichê. Mas vou falar de uma garota que era conhecida como uma lenda. Não! Ela não descobriu a cura para o câncer, ela não descobriu como viajar no tempo, e nem como reproduzir as células humanas. Mas ela era uma garota incomum. Fazia qualquer um se arrepiar quando jogava seus cabelos louros platinados para os lados. Seus olhos castanhos claros faziam qualquer cara se apaixonar. Seu nome era Elizabeth.

Eu conheci Elizabeth quando cheguei ao ensino médio. Ela era popular, veterana. Eu era apenas mais um “nerd” babaca. Minha rotina era sempre a mesma. Escola, trabalho. Trabalho, casa. Eu tinha um melhor amigo, Frank. Éramos praticamente invisíveis. As únicas pessoas que nos notavam, eram aqueles jogadores de basquete que adoravam bater em pessoas como Frank e eu. Mas tudo bem! Eu sabia que quando saíssemos do ensino médio, aqueles jogadores babacas seriam uns manés. Enquanto eu seria um futuro médico, e provavelmente os deixaria morrer se chegassem até mim precisando de ajuda (está certo! Não sou um monstro, mas bem que eles mereciam).

Foi assim até meu último ano de escola. Por sorte do destino, ou azar. Eu me tornei próximo de Elizabeth. Foi um ano mágico. Ela me fez saltar de um avião em movimento (estávamos de paraquedas, mas que louco faz isso?), porém eu fiz. Por ela. Ela era a garota mais divertida e atraente que conheci. Certa vez fomos ao zoológico. Aproveitamos que o guarda estava distraído e entramos na jaula dos macacos. Ela colocou um rock e dançamos. Dançamos loucamente, como dois adolescentes que nada tinham a perder. Pegávamos os macacos, segurávamos em seus braços e os girávamos para dançarem conosco. Até sermos descobertos e expulsos do zoológico (nunca mais podemos voltar lá). Lembro-me também da vez em que eu e Elizabeth decidimos escalar o Everest (mentira! Era uma montanha pequena e sem neve, mas seria bem legal escalar o Everest). Ela havia pegado as roupas de alpinista do pai dela. E lá fomos nós. O sol estava agressivo, mas estávamos firmes em nosso propósito, chegar até o topo. Depois de uma hora escalando, chegamos ao nosso destino. Ficamos lá durante varias horas. E vimos o sol se pôr. Eu vi o dourado do entardecer refletindo naqueles olhos lindos. Minha vida e meu mundo estavam naqueles olhos castanhos e naquela boca perfeita.

Então chegou o fim das aulas. Era hora de dizer adeus. Eu tinha meus planos. Cursei medicina por cinco anos em uma das mais renomadas universidades de Cambridge, Massachusetts. E ela cursou advocacia em Savannah, Geórgia. Durante muito tempo ela foi conhecida como a garota que apenas queria viver suas aventuras, ser popular e conhecer a vida. E na época, eu não sabia o porquê dela me escolher para viver suas aventuras. Mas hoje, com meus sessenta anos, sentado nessa velha cadeira de balanço, eu sei. Eu não a via apenas como a lenda que ela se tornou, eu via mais além. Apesar dos sorrisos ao vento, e dos muitos lugares que Elizabeth frequentou, ela era vazia por dentro. E eu a compreendia e eu a amava. Não sei se ela se tornou uma advogada de renome, ou se está vivendo suas aventuras em outro país. Mas eu sei que Elizabeth está por aí, procurando nesse mundo vasto, um coração para chamar de lar. (Por Felipe Pereira).

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