Publicado em 25/08/2017 às 08:30, Atualizado em 24/08/2017 às 19:47

Comércio perdeu 400 mil postos de trabalho e 40 mil empresas em 2015, aponta IBGE

Resultado mostra que o brasileiro perdeu poder de compra.

Redação,

Os números do comércio para o ano de 2015 indicam perdas de postos de trabalho e de receita, influenciados principalmente pelo setor de veículos. Os dados da Pesquisa Anual do Comércio (PAC), divulgada ontem, mostram que o setor comercial movimentou R$ 3,1 trilhões em receita operacional líquida, uma queda de 0,5% em relação a 2014, e empregou 10,3 milhões de pessoas, contra 10,7 milhões em 2014.

Em relação à receita, Danielle de Oliveira, gerente da pesquisa, explica que a queda de 0,5% ainda reflete estabilidade para o setor como um todo, mas é preciso observar separadamente os três segmentos de atividade comercial, que se comportam de formas diferentes. O comércio varejista e o de veículos, peças e motocicletas apresentaram quedas de 1,6% e 11%, respectivamente; já o atacado, responsável pela maior parte da receita (45,4%), apresentou crescimento de 3,3%, que ajudou a segurar a queda das outras duas atividades.

“Dentro do setor de veículos, peças e motocicletas, a gente tem o setor de veículos automotores que, sozinho, apresentou perda de 13,6%. É um número significativo tendo em vista que em 2014 esse setor movimentou R$ 246 bilhões em receita, contra R$ 213 bilhões em 2015”, explica Danielle. “O setor de veículos é muito influenciado pela renda, pelo crédito e pelo emprego. Com a retirada de alguns incentivos, como a isenção do IPI, do governo de 2015 para cá, a gente pode identificar essa queda mais acentuada”.

“Se a economia está sofrendo diminuição do emprego e retração da renda, o setor de comércio acaba sofrendo perda no consumo e o empresário tem que repassar essas perdas”, comenta Juliana Paiva, gerente das pesquisas anuais por empresa no IBGE. As perdas de pessoal ocupado se refletiram em todos os três setores da pesquisa: varejo e veículos, peças e motocicletas tiveram ambas recuo de 4,2% e o atacado perdeu 2,3% do pessoal ocupado, sendo que o varejo foi o segmento que concentrou a maior proporção da força de trabalho do comércio: 73,5%, mais de 7,5 milhões de pessoas.

Os setores que representam áreas de consumo essenciais, como hipermercados e supermercados, conseguiram manter resultados positivos e geraram a maior receita do comércio varejista, com mais de R$ 340 bilhões. Também lideraram a média de ocupados, com 99 pessoas por empresa – índice muito acima dos demais: o segundo lugar, varejo de combustíveis e lubrificantes, tinha 12 ocupados por empresa.

“Hipermercados e supermercados são os que sentem por último os impactos da crise”, diz Danielle. “Quando a renda do trabalhador diminui, ele permanece só com os gastos essenciais. Não vai trocar de automóvel nem fazer reforma da casa”, complementa Juliana.

Com informações do IBGE